domingo, 30 de dezembro de 2018

CIDADANIA, RESPONSABILIDADE SOCIAL, SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: AS NOTÍCIAS INSPIRADORAS DO ANO 2018.

Por Célia Ribeiro

A coluna “Marília Sustentável”, criada em 2010, e há um ano publicada no Jornal da Manhã, registrou quase 60 reportagens em 2018 mostrando iniciativas inspiradoras de cidadãos comuns, voluntários, ONGs e empresas socialmente responsáveis. Algumas matérias foram publicadas com exclusividade pelo JM e tiveram repercussão nas emissoras de TV, muitas emocionaram e, principalmente, provaram que quando a causa é nobre, tudo conspira a favor.

A seguir, um resumo das reportagens mais acessadas e comentadas nas redes sociais. A íntegra dos textos pode ser conferida mês a mês, clicando no link ao final de cada texto.

JANEIRO

ANJOS GUERREIROS   


A reportagem mais lida do ano retrata o surgimento da ONG “Anjos Guerreiros”. Cláudia Marin é mãe de Mateus Castelazi, hoje com 10 anos, portador da Síndrome de West, diagnosticada aos dois meses de vida. Muito rara, a síndrome é caracterizada pela epilepsia, um transtorno neurológico de longa duração que provoca convulsões e exige cuidados permanentes, 24 horas. Com muita determinação, esta mãe encontrou forças para, ao invés de se lamentar, pensar em como ajudar milhares de famílias com crianças especiais que passam por problemas semelhantes ou até piores, como as ligadas a aparelhos respiratórios. Uma lição de vida!

FEVEREIRO

PRÓTESE OCULAR 


A médica mariliense Drª Simone Ribeiro Araújo de Almeida, colocou para si um desafio e tanto: zerar a fila de 54 pacientes de Marília e região que aguardavam uma prótese após terem removido o globo ocular. A reportagem abordou as doenças que acabam causando a remoção do globo ocular e a luta da médica para emplacar um projeto de realização de um mutirão para os pacientes do SUS que enfrentam uma longa fila de espera. Leia AQUI.

MARÇO 

MÃES DO GACCH


O Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias (GACCH), através do trabalho de voluntárias, conseguiu fazer do artesanato mais que geração de renda para as mães de crianças em tratamento. Elas se ajudam, se apoiam e ocupam a mente durante um período tão difícil de suas vidas. Uma das voluntárias à frente do artesanato é Silza Más Rosa que destaca a importância terapêutica da atividade: “O objetivo é tira-las de casa, um dia por semana, pelo menos, porque aqui elas encontram seus pares. São mães que passam pelos mesmos problemas e que juntas se fortalecem”. Inspiração!

ABRIL

A LUTA DA ACC


Uma das mais respeitadas entidades filantrópicas de Marília, a ACC (Associação de Combate ao Câncer) enfrentou um ano de muitas dificuldades. Por conta da burocracia, houve uma redução de 40 por cento na receita anual proveniente de doações da Nota Fiscal Paulista. Programa da Secretaria Estadual da Fazenda, a NFP facilitava o acesso às instituições em que voluntários captavam as notas fiscais nos estabelecimentos comerciais e as cadastravam em nome da ACC. Com a mudança na forma de cadastrar, agora o consumidor deve acessar o site (https://portal.fazenda.sp.gov.br) e inserir a informação com os dados da entidade (CNPJ) que deseja beneficiar e por quanto tempo, o que reduziu muito a receita que variava de 170 mil a 200 mil reais por ano. A ACC segue lutando para encontrar outras formas para se manter, com eventos, promoções e doações de voluntários. Saiba mais AQUI.

MAIO 

PROJETO DE CIDADANIA


Gratidão. É com um forte sentimento de realização que a jovem docente, criada em uma pequena cidade de 3 mil habitantes, lidera um projeto que conquistou mentes e corações dos estudantes de Direito do UNIVEM (Centro Universitário Eurípedes de Marília). Daniela Marinho, 36 anos, profissional destacada na área do Direito Empresarial, coordena o Proato – Projeto de Cidadania Proativa e Direito que desperta a solidariedade, para ajuda ao próximo, ao mesmo tempo em que desenvolve várias competências nos alunos. Iniciado há seis anos, o Proato nasceu da necessidade de levar a disciplina de economia mais próxima à realidade dos estudantes. “Estudamos as mais nobres concepções do Direito e da Justiça. É muito bonito. Só que tudo aquilo fica condensado nas paredes frias da sala de aula. A gente fala de democracia e de cidadania. Então, o Proato tem o propósito de levar o Direito para além da sala de aula, para a comunidade”. Leia mais AQUI.


 JUNHO

ARRAIÁ FEITO À MÃO


As tradicionais festas juninas foram lembradas com a promoção do Espaço Pitanga durante o "Arraiá Feito à Mão", que reuniu mais de 30 artesãos em uma típica festa junina cheia de cores e sabores, desde as primeiras horas da manhã de 16 de junho. Concebido pelas artistas Ana Rojo (papelaria), Renata Genta (saboaria) e Carol Putinati (costura), o Espaço Pitanga conta com três ateliês. Além da comercialização de criações originais das três sócias, são promovidas oficinas ao longo do ano para compartilhar conhecimento. O evento --- primeiro de vários realizados ao longo do ano--- serviu para mostrar a riqueza do artesanato local e de alguns convidados de fora. Veja como foi AQUI


JULHO

COMPOSTAGEM DOMÉSTICA


A natureza é sábia: onde tem pássaros, animais, insetos e plantas, há vida. E quando a natureza é cuidada com respeito ela devolve a atenção mantendo o equilíbrio do meio-ambiente. Um exemplo se observa na residência do ambientalista Antônio Luiz Carvalho Leme em um condomínio fechado, na zona oeste de Marília. Lá, ele pratica o que defende dando a correta destinação aos resíduos sólidos, através da compostagem, obtendo adubo orgânico utilizado na horta, pomar e orquidário da família. Cada vez mais pessoas se conscientizam sobre a problemática do lixo urbano, o que explica o aumento da procura por informações sobre a compostagem. No entanto, embora existam vários modelos de composteiras à venda, quem quiser pode começar com três baldes de plástico com tampas perfuradas que, quando empilhados, fazem a vez do sistema necessário para a degradação lenta da matéria orgânica. Confira o passo a passo AQUI.


AGOSTO

BELEZA INTERIOR


Aos 42 anos, casada e mãe de dois garotos, a arquiteta Luca Moreira é reconhecida pelos projetos que desenvolve. No entanto, nos últimos anos, a genética tem falado mais forte e tudo que viu e aprendeu com a avó e seu pai, o cardiologista Paulo Moreira, moldou uma nova faceta de sua personalidade a serviço do próximo. Através do Projeto “Reformando”, junto com parceiros, Luca proporciona a realização dos sonhos de muitas famílias contempladas com a transformação total de um cômodo de sua residência, como mostrado na matéria de 12 de agosto. Em novembro, nova reportagem apresentou a área revitalizada do HC-Famema em que a comunidade ganhou uma praça multiuso em uma nova fase do Projeto Reformando. Confira as reportagens AQUI e AQUI




SETEMBRO 

DOSES DE SOLIDARIEDADE


Entre um petisco e outro, regado pela cerveja estupidamente gelada, se fala de futebol, política, pescaria, inflação e até do impacto do torresminho no aumento do colesterol. Mas, um grupo de amigos acostumado a se encontrar aos sábados, antes do almoço, foi além e levou as reflexões sobre as causas sociais para outro nível, fora da mesa de aperitivos.
Assim nasceu um dos mais ativos e sérios grupos de voluntários de Marília que, a despeito do nome que remete à descontração, segue fazendo o bem através de campanhas que mobilizam centenas de pessoas. O “Amigos do Bar”, coordenado pelo representante comercial Tadaumi Tachibana, conhecido por Tadao, realiza um trabalho silencioso desde 2.014 e, graças às redes sociais, está ganhando visibilidade e conquistando cada vez mais o respeito da comunidade. A reportagem saiu em 30 de setembro.


OUTUBRO

REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS


Impossível não abrir um largo sorriso à simples menção dos saudosos carnavais das décadas de 70 e 80 do Yara Clube de Marília, considerados os melhores do interior paulista. Quantos casais se formaram rodopiando ao som das bandas de sucesso nos bailes da época? Os tacos de madeira, sobre o qual desfilaram muitas gerações, foram substituídos há alguns anos. Felizmente, antes de enfrentarem o cruel destino da fornalha, ganharam nova chance em projetos arquitetônicos que preservam a história ao utilizarem materiais de demolição. 
É com profundo respeito pela memória cultural e consciência preservacionista que a arquiteta Ângela Torres é uma profissional que se destaca por valorizar o reaproveitamento de materiais nos seus projetos. Ela chegou a trabalhar na construção de três residências edificadas com praticamente 100 por cento de material de demolição. Leia AQUI



NOVEMBRO

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO


Momentos antes das cortinas se abrirem, a concentração é total para domar a ansiedade e manter a respiração sob controle. A campainha do teatro soa pela terceira vez e o coração dispara: chegou a hora. O que parecia impossível para o menino de origem simples, que ouvia música no rádio de pilha da mãe, materializou-se como se fosse um prêmio por ter desafiado todos os obstáculos e derrubado barreiras além-fronteiras. Aos 23 anos, Renan Teodoro de Barros cursa o terceiro ano de estudo em Teatro Musical na American College Dublin e está fazendo parte da história irlandesa como o primeiro brasileiro em um Bacharelado de Finas Artes em Teatro Musical naquele país. Para chegar à Irlanda, Renan enfrentou todas as adversidades possíveis. Nunca recuou por sempre acreditar que chegaria lá, demonstrando uma fé inabalável no futuro. Leia a matéria completa e assista ao vídeo de Renan, AQUI


DEZEMBRO

ARTE SACRA


Na tranquila Alameda Santa Carolina, na Zona Leste de Marília, o silêncio é total. Às 4h40, ainda não amanheceu. Mas as Irmãs Clarissas do Mosteiro Maria Imaculada já despertaram iniciando o dia em orações pela humanidade seguidas de muito trabalho. Enclausuradas, elas só saem para consultas médicas e mantém contato com o mundo exterior através de grades, onde é possível apreciar o belo trabalho artesanal que lhes garante o complemento da subsistência.  As Irmãs Clara e Nicole concordaram em mostrar a arte sacra confeccionada com delicadeza por um grupo de religiosas. São presépios, imagens de santos e muitas velas esculpidas com faca que depois são pintadas e recebem imagens, flores e todo tipo de adereços.  A maioria da matéria prima é doada pela comunidade, mas as Irmãs Clarissas reaproveitam tudo o que conseguem: vidros de azeite, porta-retratos quebrados, folhas de coqueiro, forminhas plásticas de gelo e até suporte de panelas.  O objetivo não é apenas a geração de renda, mas a evangelização através da arte sacra. Leia mais AQUI.

FELIZ ANO NOVO!

Que em 2019 possamos ter muito mais reportagens inspiradoras como as documentadas nestes 12 meses, no Jornal da Manhã e neste blog. Obrigada pelas mensagens e sugestões de pautas, pelo incentivo e carinho! Espero vocês a partir de janeiro.

Retrospectiva publicada na edição de 30.12.2018 no Jornal da Manhã

domingo, 23 de dezembro de 2018

LAÇOS QUE ENFEITAM E ABRAÇAM: COMO A ARTE DE DONA SARAH AJUDA OS IDOSOS.

Por Célia Ribeiro

Como os ciclos da vida e os desafios seguidos de vitória, retrocesso e recomeço, a arte se manifesta de diferentes maneiras. Ela emociona, cura e transforma: tudo depende de quem faz e de quem a reconhece. Em Marília, uma professora aposentada coloca sua criatividade e talento na confecção de laços coloridos que adornam os cabelos das meninas. O que torna esse trabalho tão especial não é apenas a beleza do acessório, mas sua finalidade: a renda é 100 por cento revertida ao Asilo São Vicente de Paulo.
Netinha Isabela
Sarah Nilma K. Lovato abre a porta de sua residência, no Jardim Maria Izabel, exibindo um sorriso doce. Um pouco tímida, ela concordou em contar sobre esse trabalho que é mais conhecido entre familiares, amigos e os voluntários do asilo. Embora dedique muitas horas à atividade, arque com todos os custos da matéria prima (a maioria importada), ela classifica a ação como “uma pequena colaboração”.
Laços usam materiais delicados
Na verdade, as doações são da ordem de quatro dígitos, a cada dois meses, mas dona Sarah preferiu não mencionar valores na reportagem, realizada em meio à decoração natalina de bom gosto presente pela casa toda. Apenas frisou que o esposo, Renato Lovato, voluntário há 20 anos na entidade, é quem leva o dinheiro nas reuniões da entidade e depois lhe entrega o recibo da doação que guarda com carinho.
Sr. Renato e dona Sarah: solidariedade
Dona Sarah e o marido, ex-auditor do Banco do Brasil, mudaram-se de Brasília para Marília quando se aposentaram para ficarem mais perto dos pais, já idosos, e criarem os dois filhos com a qualidade de vida do interior. O contato com o asilo foi por meio de um Vicentino que frequentava a Igreja Nossa Senhora de Fátima e convidou o Senhor Renato para conhecer a entidade.

Grife “Laços da Bela”
“Meu marido dizia que só trabalhou a vida toda e, com a aposentadoria, queria fazer alguma coisa para o idoso porque a criança tem esperança. O idoso não tem”, comentou dona Sarah relatando o início do trabalho voluntário. “Ele foi lá conhecer e não saiu mais. Foi presidente, secretário e continua atuando como voluntário nestes quase 20 anos”.
As tiaras são muito concorridas
Como uma coisa leva à outra, os laços que dona Sarah fazia para a netinha Isabela tornaram-se inspiração para um trabalho em larga escala. O gosto pelo artesanato, despertado há alguns anos, quando bordava em ponto-cruz para a APAE, aliado ao seu bom gosto e criatividade, resultaram em uma coleção impressionante de laços.
Variedade de peças
São confeccionados a partir de fitas importadas, usando acessórios, apliques, rendas, pérolas e pedrarias, e até plástico transparente no caso dos enfeites à prova d’água (para o mar ou piscina). Com o nome de “Laços da Bela”, a grife informal cresce com a propaganda boca a boca que destaca o acabamento primoroso das peças e o teor social.

“Minha única netinha menina, a Isabela, mora em Porto Alegre e adora laços. Ela levanta, escolhe o uniforme e já separa o laço para combinar”, contou com aquele sorriso que só as vovós-corujas têm. Ela disse que, no começo, os trabalhos não saíam tão bons, mas que foi aprimorando e hoje lhe proporcionam uma grande satisfação a cada peça concluída.

EXPANSÃO

Os trabalhos voltados para o asilo tiveram início há um ano e, diante dos pedidos que chegam também para flores de cabelo e laços para jovens e mulheres adultas, a tendência é aumentar e diversificar a produção. “Até deixei meu cabelo crescer um pouco e faço laços pra mim, também. Tenho de todas as cores”, revelou.

Dona Sarah reclamou do alto custo do frete que encarece muito a matéria-prima. Ela faz questão de pagar todo o material explicando que “se descontasse o custo das fitas, por exemplo, não seria doação. Eu compro tudo, tenho fornecedores de Belém e até de Araguari. Cada vez, gasto em torno de 200 reais porque tem o preço do Correio que anda muito caro”.
Laços usam acessórios diversos
Recentemente, ela teve a ajuda da loja Florescer, localizada na Avenida Vicente Ferreira, 770, ao lado do asilo, em que a proprietária Adriana Caliman “se ofereceu para vender meus laços. Ela repassa todo o dinheiro para mim, sem comissão de venda, e eu junto com o que vendo para doar ao asilo. A Adriana também ajuda o asilo e no fim do ano fez um evento lindo de arrecadação de fraldas em que os doadores receberam uma lembrancinha da loja”.
Laço à prova d’água para praia e piscina
A professora aposentada afirmou que gostaria de contar com mais pontos de venda para ampliar a geração de renda ao asilo. “Hoje, vendo para as amigas, as pessoas que vão indicando, e até para minhas cunhadas e sobrinhas que pagam certinho porque esse dinheiro já tem destino certo”, observou sorrindo.
Dona Sarah e a neta Isabela
A renda dos “Laços da Bela” representa uma “importante ajuda para nosso asilo”, afirmou o presidente Luiz Sardi. Ele elogiou a iniciativa de dona Sarah destacando “a importância que os voluntários têm para a entidade. É uma coisa muito linda ver uma atitude dessas”, frisou.
Na loja Florescer há laços e tiaras à pronta entrega

Para entrar em contato com dona Sarah e conhecer os laços, o telefone é: (14) 99729-4321. A loja Florescer, onde há laços à pronta entrega, está localizada à Avenida Vicente Ferreira, 770, ao lado do Asilo São Vicente de Paulo, em Marília.

O LAÇO E O ABRAÇO

De Mário Quintana

Maria Medeiros Gonçalves e sua tiara personalizada
“Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e
Pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração,
Tudo cercado de braço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando...
Devagarinho, desmancha, desfaz o abraço.
E saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita,
Sem perder nenhum pedaço.
Então, o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!”

*Reportagem publicada na Edição Impressa de 23.12.2018 do Jornal da Manhã

domingo, 16 de dezembro de 2018

MINI-JARDINS: A NATUREZA BROTA EM ESPAÇOS ONDE TUDO É REAPROVEITADO.

Por Célia Ribeiro

Os retalhos de tecidos coloridos, acumulados em muitos anos de costura, finalmente, ocupam um lugar de destaque: eles formam a base de mini-jardins que a designer de interiores e paisagista Izabel Cirillo cria a partir de materiais reciclados. Apaixonada por plantas e com profundo respeito ao meio-ambiente, ela se realizou na nova atividade onde pode soltar a imaginação sem medo de ser feliz.

Mini-jardim usou argamassa e tecido na base
“Sempre gostei de reaproveitar tudo. Quem é assim, como eu, quando passa perto de uma caçamba já olha para ver se tem alguma coisa interessante”, comentou explicando seu processo criativo. Conforme disse, “nem sempre sei o que farei com aquilo. Mas, se vejo um pedaço de madeira, por exemplo, eu guardo porque mais tarde ele pode virar a moldura de um quadro, uma mesa ou até mesmo um vaso. Alguma coisa vai sair dali. É só dar um tempo”.
Belinha e suas criações únicas
Por 25 anos, Belinha, como é conhecida pelos amigos e clientes, dedicou-se à costura. Desde muito cedo, ela encontrava maneiras de aproveitar as sobras do trabalho. Assim, paralelamente à moda, naturalmente foi trilhando o caminho do artesanato. Criativa, até dos filtros de papel usados para coar café ela produziu muitos quadros, utilizando o que aprendeu em um curso de pátina para incrementar as molduras.
Vários formatos de terrários abrigam diferentes plantas
Formada em Design de Interiores pelo UNIVEM, Belinha atuou em vários projetos em que também observava o entorno, interessada nas áreas livres que poderiam abrigar diferentes tipos de jardim. Em sua casa, privilegiada pela ampla área verde, apostou na produção de plantas utilizando-as nos terrários que recentemente passou a produzir.
Madeira usada em forro, tipo macho e fêmea, deu forma ao quadro
ARGAMASSA COM TECIDO

Sempre em movimento, Belinha estava em busca de novas formas de reaproveitamento de materiais quando conheceu os trabalhos executados a partir de cimento e toalhas inservíveis. Testou a técnica e fez algumas garrafas que foram presenteadas a amigos e familiares. “Mas, ainda não era o que eu queria”, recordou, acrescentando que como ganhou sobras de argamassa da reforma da casa de uma de suas filhas, pensou em fazer alguns experimentos.
As plantas precisam de sol e pouca água
Com tecidos cortados em diferentes formatos, a artesã utilizou a argamassa na estrutura. A massa de material flexível foi moldada sobre uma travessa de vidro que serviu de forma. Assim que secou, a estrutura rígida foi removida da peça e, após receber a pintura com a técnica de pátina, tornou-se a base ideal para o terrário.
Garrafas feitas com toalha e
cimento com pintura de pátina

Diante da experiência bem-sucedida, Belinha continuou ousando com os recicláveis: latas de leite em pó, de sardinha, de atum, de ervilha e de leite condensado foram transformadas em berçários para as suculentas, plantas que armazenam água, decoradas com algumas conchinhas e fios de juta. Xícaras e canecas quebradas ou com trincos também escaparam do lixo: as sobras de embalagem de ovos foram moldadas com a técnica de papel machê criando texturas que valorizaram os novos vasinhos.

“Reduzi muito o lixo de casa. Agora, só uns 30 por cento são descartados”, revelou Belinha, contando que recicla grande parte das embalagens, doa para a Reciclart outra parte e ainda faz compostagem com cascas de frutas, legumes e verduras para adubação dos canteiros no jardim, na horta e nos terrários que produz. “Com isso, o lixo diminuiu muito, o que é bom para a natureza”, assinalou.

ENERGIA

Empolgada com as novas criações, Belinha afirmou que “não é só o trabalho da gente que está nestes vasinhos e nos mini-jardins. É a nossa energia. Eu converso com as plantas e cuido de cada uma com carinho. Vou mudando de lugar quando vejo que estão sofrendo com o sol e elas sentem esse cuidado”, observou.
No jardim de casa, Belinha aproveita a área livre.
De fácil manutenção, os terrários devem receber água duas vezes por semana, em média. Mas, precisam de algumas horas de sol e não apenas de iluminação natural, destacou. “Quando alguém leva para casa um mini-jardim desses, leva muito amor e dedicação, leva a energia boa que a gente coloca no que faz, leva plantas cuidadas com muito carinho”, acrescentou.
À esquerda, canecas também viram vasinhos

Ela informou que divulgou alguns trabalhos nas redes sociais e tem recebido encomendas para os presentes de fim de ano: “É uma coisa diferente. Nunca um mini-jardim sai igual ao outro, nunca um vasinho de uma caneca, por exemplo, vai ter a mesma planta e os mesmos adereços. É algo bem personalizado, mesmo”, assinalou. Os vasos maiores custam a partir de 55 reais.
Na parede, vasos originais de sobra de madeira
E ao cair da tarde de quarta-feira, 12, Belinha terminou a entrevista revelando que uma das coisas que mais aprecia “é pegar uma xícara de café e vir aqui no jardim conversar com minhas plantas”. Ao se despedir, mostrou o estoque de recicláveis, em um quartinho, e virando-se para o berçário de suculentas disse que ainda tinha muitos planos para elas. Que ninguém duvide!
Detalhe de um dos terrários
Para entrar em contato com Izabel Cirillo o telefone é: (14) 997425101. Nas redes sociais: https://www.facebook.com/izabel.cirillo 

* Em setembro de 2012, este blog divulgou a primeira reportagem sobre a artista, que pode ser conferida AQUI!

** REPORTAGEM PUBLICADA NA EDIÇÃO DE 16.12.2018 DO JORNAL DA MANHÃ

sábado, 8 de dezembro de 2018

ENCLAUSURADAS, IRMÃS CLARISSAS FAZEM ARTE SACRA REAPROVEITANDO MATERIAIS.

Por Célia Ribeiro

Na tranquila Alameda Santa Carolina, na Zona Leste de Marília, o silêncio é total. Às 4h40, ainda não amanheceu. Mas as Irmãs Clarissas do Mosteiro Maria Imaculada já despertaram iniciando o dia em orações pela humanidade seguidas de muito trabalho. Enclausuradas, elas só saem para consultas médicas e mantém contato com o mundo exterior através de grades, onde é possível apreciar o belo trabalho artesanal que lhes garante o complemento da subsistência.
O trabalho atrás das grades: opções de presentes com significado
Na última quarta-feira, as Irmãs Clara e Nicole atenderam a reportagem e concordaram em mostrar a arte sacra confeccionada com delicadeza por uma grupo de religiosas. São presépios, imagens de santos e muitas velas esculpidas com faca que depois são pintadas e recebem imagens, flores e todo tipo de adereços.
Velas esculpidas com faca recebem imagens pintadas à mão
A maioria da matéria prima é doada pela comunidade, mas as Irmãs Clarissas reaproveitam tudo o que conseguem a fim de criarem os trabalhos: vidros de azeite, porta-retratos quebrados, folhas de coqueiro, forminhas plásticas de gelo e até suporte de panelas. As imagens de santos são adquiridas na fábrica e pintadas cuidadosamente, da mesma forma que as velas de tamanhos variados e que são vendidas o ano inteiro, inclusive personalizadas para batizados, bodas etc.
Irmã Nicole
Das 17 irmãs que vivem atualmente no Mosteiro, um grupo de quatro ou cinco se reveza nos trabalhos manuais. E por falar em trabalho, elas cuidam de tudo sozinhas na imensa construção que ocupa meio quarteirão incluindo a capela onde são celebradas missas diariamente. Em rodízio, elas trabalham na cozinha, lavanderia, costura e no jardim repleto de flores e árvores exuberantes.
O  Mosteiro está localizado na Zona Leste
Na entrada do Mosteiro, o visitante precisa se identificar pelo interfone onde uma câmera está acoplada. Após autorizado, pode acessar a entrada principal onde um cilindro giratório de madeira recebe as doações que são retiradas pelo outro lado pelas religiosas. Não há contato algum, como as tristes rodas oficializadas no fim do século XVIII em que se colocavam bebês rejeitados pelas mães e que eram acolhidos pelas freiras.
Sem contato: doações são colocadas no cilindro e recolhidas pelas Irmãs

PROVIDÊNCIA DIVINA

“Vivemos pela providência divina. E depois pela bondade das pessoas através das doações. Noventa por cento do nosso sustento é da bondade dos outros, da caridade e da providência de Deus”, afirmou Irmã Nicole. Ela explicou que o trabalho de artesanato começou há 10 anos e foi incrementado nos últimos quatro anos, não apenas como geração de renda mas, principalmente, para evangelização.
Presentes com significado
A religiosa prosseguiu destacando que investiram na arte natalina “porque do Natal só se conhece o Papai Noel. Então, a gente faz os presentes religiosos para evangelizar, mesmo. Nosso evangelizar está aqui também. Quando se presenteia um Menino Jesus é diferente, tem um sentido”. Ela ressaltou que não aceitam qualquer encomenda: “Nosso trabalho não é nada além de coisas sagradas. Já trouxeram imagens de Papai Noel para pintar. Isso a gente não faz”.
As Irmãs Clarissas cuidam de tudo, incluindo o amplo jardim

O presépio foi confeccionado com cuidado
A maioria dos clientes da lojinha de arte sacra aparece após as missas. Fora disso, quem quiser pode telefonar para encomendar algum presente ou marcar para escolher um dos itens à pronta-entrega. Para o Natal, havia opções de lembrancinhas a partir de cinco reais, e muitos presentes a 15, 20, 50 reais. As velas entalhadas com presépios estavam na faixa de 100 reais, valor muito pequeno diante da qualidade do trabalho que leva dias para ficar pronto.
As missas diárias são abertas ao público
Irmã Nicole falou da alegria em produzir as peças: “A gente se sente feliz por poder contribuir com a graça de Deus na vida dos outros porque um presente desses está levando o próprio Cristo, a presença de Jesus na família que é o verdadeiro sentido do Natal. É como se a gente estivesse levando a presença de Jesus nos nossos trabalhos”.
Vela esculpida com faca


E finalizou: “Algumas irmãs, além das orações, do trabalho na casa, se dedicam a este trabalho para podermos evangelizar. A nossa necessidade maior é essa partilha do amor de Deus. Nossa vocação é no silêncio. A gente não tem obras sociais. Evangelizamos através do nosso trabalho no silêncio, tocando o coração das pessoas”.

Para saber mais sobre o Mosteiro, acesse: http://www.clarissas.net.br/ O endereço em Marília é Alameda Santa Carolina, 150, Jardim Novo Horizonte. Telefone (14) 34548758 e e-mail: clarissasmarilia@gmail.com. As missas diárias são abertas ao público, de segunda a sexta-feira às 7h, aos sábados às 8h e aos domingos às 17h. Quem desejar contribuir, pode levar as doações após as missas.
* Reportagem publicada na edição de 09.12.2018 do Jornal da Manhã

DECORAÇÃO DE NATAL REAPROVEITA MATERIAIS COM CRIATIVIDADE E MUITA ECONOMIA

Rolhas de vinho, cápsulas de máquina de café, latas de leite em pó: uma infinidade de materiais que seriam descartados podem ser aproveitados para a decoração de Natal.
No site: www.vivadecora.com.br estão essas e muitas outras sugestões. Mãos à obra!

Um lindo  porta-velas feito com latas forradas com tecido

Garrafinhas de vidro decoradas com juta e galhos
ganham um toque rústico e original


Rolhas de vinho transformam-se em uma linda guirlanda

Tampas de garrafa forradas com tecido são outra opção de guirlanda

Embalagem para presente pode ser feita com rolo de
 papel higiênico forrado e decorado com fitas


sábado, 1 de dezembro de 2018

CLUBE DO CHORO: COM ENSAIOS ABERTOS AO PÚBLICO, MÚSICOS FARÃO APRESENTAÇÕES ITINERANTES EM 2.019.



Por Célia Ribeiro

No início da noite de segunda-feira (26), o sol se despedia lançando os últimos raios sobre a quadra esportiva em que universitários disputavam uma animada partida de futebol. Em meio à natureza exuberante do espaço de convivência do Campus I da UNESP, os passarinhos emudeceram e acomodaram-se nas árvores para acompanharem um espetáculo prestes a começar: o ensaio do Clube do Choro de Marília.
(Esq) Leandro, Gabriel, Danilo, Cassio e Luciano ensaiando na UNESP
Formado por três músicos com sólida formação, o grupo resolveu abrir os ensaios ao público. Mas, atenção: o início é pontualmente às 19h30, toda segunda-feira, com 90 minutos de duração. Eles chegam aos poucos, ajeitam as cadeiras e começam a afinar os instrumentos. Não parece ensaio. A dedicação é tamanha que a plateia, composta por alguns privilegiados, tem a sensação de estar em um show pra valer.
Gabriel e o violão sete cordas: técnica e precisão


Um dos diferenciais é a formação que muda a cada semana. Isto porque, Gabriel Soledade (cordas), Luciano Soledade (percussão) e Danilo Agostinho (sopros) oferecem monitoria aos músicos interessados em tocarem esse gênero musical. Nesta semana, participaram Leandro da Silva (violão) e Cássio Mesquita de Melo (cavaquinho). Kréo Fidelis, que já tocou com eles, apareceu para matar a saudade e também acompanhou o grupo.

FILHO DE PEIXE...

Gabriel e Luciano são filhos da premiada cantora, compositora e professora de música Jaci Furquim, fundadora do Centro Musical Tons e Semitons. Desde a infância, a boa música faz parte da vida deles que, após nove anos integrando o Grupo de Samba Cartola Branca, fundado pela mãe, passaram a se dedicar ao choro, estudando e se aperfeiçoando, além de contribuírem na difusão do gênero através da monitoria aos músicos interessados.
Alguns alunos acompanharam a apresentação

Gabriel contou como surgiu o Grupo do Choro, quando Danilo Agostinho retornou a Marília, após estudar música no tradicional Conservatório de Tatuí, na UNESP, na USP e na Alemanha: “Ele chegou e perguntou se a gente queria um clarinetista. A gente sempre quis ter um no grupo porque tínhamos saxofonista e flautista, mas o clarinete no samba dá um charme especial”. Abaixo, uma amostra do ensaio:



Ele lembrou que a iniciativa partiu do Danilo que encontrou Jaci Furquim nas redes sociais e fez contato com a professora. Ao conhecer os irmãos Gabriel e Luciano, Danilo propôs tocarem choro: “Falei que não sou chorão. Toco samba com sete cordas. O violão sete cordas é um instrumento diferente, tem uma corda a mais que o violão convencional”, destacou Gabriel Soledade.
 Danilo tocou em orquestra e estudou na Alemanha

Ex-proprietário de loja de instrumentos musicais, Gabriel se dedica a ensinar música há 22 anos: “Quando eu nasci minha mãe já dava aula de piano, de violão erudito e de violão popular. Comecei a tocar com sete anos”, disse, entre uma canção e outra executada com precisão no seu violão sete cordas que poucos músicos dominam.

Ao seu lado, Danilo explicou que nasceu em Marília, mas passou os últimos anos estudando fora. Depois de Tatuí, UNESP e USP em São Paulo, foi para a Alemanha. Tocou em orquestras e sempre se dedicou à música clássica. Em Marília, desde 2015, integrou um sexteto de choro que fez muito sucesso em oficinas culturais e apresentações na cidade.
Natureza exuberante  na área de convivência


E foi a paixão pelo choro que o uniu aos irmãos para a fundação do Grupo do Choro de Marília: “A gente começou a perceber que não estava tão inserido na linguagem do choro quanto a gente gostaria, apesar de já ter um grupo profissional. Aí, resolvemos ter um modo de estudar o choro semanalmente”.

A princípio, fizeram apresentações em bares e restaurantes da cidade, e também se reuniam na Escola Tons e Semitons, “mas lá percebemos que estávamos fazendo só para a gente, batendo na parede e voltando. Resolvemos fazer os ensaios em um espaço público e veio a ideia da UNESP, através do Professor Paulo Prado, que é o presidente da Comissão de Atividades Culturais”, assinalou.
À esquerda, o músico Kréo Fidelis foi
 matar saudade da turma


Danilo prosseguiu explicando que o grupo pretendia ensaiar na Unidade II da UNESP, perto do Yara Clube, mas o local encontra-se em reforma. A opção foi o espaço de convivência no Campus em que alunos, professores, funcionários e populares sempre aparecem: “Tem dias em tocamos para muita gente. Tem dia em que não aparece ninguém”, revelou.

Com composições autorais e os clássicos do choro tocados com muita paixão, o Grupo do Choro de Marília iniciará nova fase em 2019: com o apoio da UNESP, e abertos a parcerias, os músicos pretendem fazer apresentações gratuitas em hospitais, asilos, escolas, praças públicas etc. Será uma maneira de continuarem estudando e praticando o choro, contribuírem para a divulgação do gênero, auxiliarem outros músicos e ainda levarem cultura à comunidade. Esses meninos não desafinam.
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