domingo, 31 de dezembro de 2017

COM APOIO DA COMUNIDADE, CACAM RESGATA A INFÂNCIA DE CRIANÇAS EM MARILIA.

Por Célia Ribeiro

O relógio marcava 11 horas quando um cheirinho de comida caseira, sentido desde a vizinhança, aguçava o apetite dos operários concentrados na obra ao lado da cozinha. Nas panelas estavam as refeições que seriam servidas pelo CACAM (Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Marília) aos menores abrigados, na zona norte da cidade.
Brinquedoteca da entidade
Comum, esta cena foi registrada na semana que antecedeu o Natal. Muitas crianças já haviam sido encaminhadas para as famílias de apoio, um bem-sucedido programa da entidade que permite a integração dos menores com famílias previamente cadastradas, nos finais de semana e em datas especiais.

No entanto, o trabalho de construção e reforma do CACAM seguia a todo vapor com os operários empenhados na conclusão das melhorias desta que é uma das instituições modelo responsáveis pelo acolhimento de crianças e adolescentes, de zero a 17 anos, em situação de risco encaminhadas pela Justiça.
Da cozinha, que será reformada em 2018, saem todas as refeições
ACOLHIMENTO

Segundo explicou a assistente social Lorine Vila Real de Souza Ribeiro, para participar do programa os casais não podem fazer parte da lista de adoções do Fórum, precisam residir em Marília, serem casados ou manterem união estável, e estarem cadastrados há um ano, no mínimo. Neste período, os interessados participam das atividades no CACAM, conhecem as crianças que, posteriormente, se sentirão à vontade nas saídas dos finais de semana.
Crianças brincam na festa de fim de ano
Ela falou com entusiasmo sobre a importância dessa parceria: “As crianças amam e as famílias somam conosco. Quando chegam no serviço de acolhimento, as crianças não têm noção de nada, nem como se portar numa mesa, como usar o banheiro, como tomar banho, nada. Então, nós ensinamos coisas básicas”.

Além disso, prosseguiu, “inserimos na escola porque a rotina de ir à escola eles não têm nas casas dos pais de origem. A gente coloca regras, normas, ensina educação básica de comportamento e a família de apoio vem para fortalecer todo esse ensinamento. A família de apoio orienta como se fosse um filho”, disse sem disfarçar a emoção.
Em imagem de arquivo, Hederaldo Benetti, no berçário da entidade
A assistente social informou que, normalmente, as crianças e jovens saem às sextas-feiras, após a aula, e voltam ao CACAM no domingo no final da tarde. Nas festas de fim de ano, a saída ocorre no dia 23 de dezembro e o retorno no dia dois de janeiro sendo que, no caso de irmãos, há o cuidado de coloca-los com a mesma família de apoio.
Lorine, assistente social do CACAM


Lorine Ribeiro assinalou que “a época de Natal é importante para eles. No serviço de acolhimento atendemos todas as áreas de saúde, educação, mas o calor da família é diferente. No Natal eles precisam muito dessas famílias para se sentirem felizes, é um momento acolhedor que eles precisam. As crianças são muito carentes de atenção e a família de apoio pode dar uma atenção exclusiva”.

CANTEIRO DE OBRAS

O presidente do CACAM, Hederaldo Benetti, do Rotary Clube Marília de Dirceu, explicou que a entidade se mantém com o suporte do clube de serviços, doações de empresas e a solidariedade da comunidade que contribui com os eventos de geração de renda, incluindo o bazar permanente que movimenta entre 500 e 600 reais por semana.
Lojinha tem ar condicionado e provadores: geração de renda
Graças ao trabalho de fôlego desenvolvido pela direção da instituição, o CACAM tem as portas abertas sempre que necessita. O Tauste Ação Social, por exemplo, contribuiu com grande parte dos recursos das reformas e ampliações que tiveram, ainda, a colaboração da Sasazaki ao fornecer portas e janelas.

Quem visita a entidade em um dia e volta alguns meses depois sempre encontra alguma coisa diferente. E para melhor! Os investimentos são programados dentro de um planejamento que tem por objetivo oferecer um local seguro, confortável e acolhedor às crianças e adolescentes que chegam com muitas histórias tristes na bagagem de mão.

Recentemente, o prédio passou por uma grande reforma. Além da readequação das instalações elétricas e inclusão dos itens de segurança exigidos pelo Corpo de Bombeiros, como sinalizadores e lâmpadas de emergência, os dois grandes quartos transformaram-se em seis dormitórios menores para acomodarem, no máximo, 04 crianças cada um.
Presidente em quarto com ar condicionado


Considerado um luxo para alguns e uma necessidade para muitos, os aparelhos de ar condicionado, instalados em todos os dormitórios, foram recebidos com alívio nas noites quentes. A climatização também chegou ao bazar permanente: uma verdadeira loja, com provadores e araras, onde se encontra desde roupas, calçados, acessórios, eletrodomésticos, móveis etc, novos e seminovos em bom estado, com preços variando de um a cinco reais.

O bazar permanente funciona das 8 às 18 horas, é equipado com câmeras de segurança, a exemplo de todas as instalações do CACAM e representa uma ajuda e tanto para custear as despesas. A comunidade participa com doações e também adquirindo produtos na loja. E quem quiser colaborar pode entrar em contato pelo telefone (14) 34331645 ou ir à Rua Vidal Negreiros, 367, Bairro Palmital.

Com visível entusiasmo, o presidente Hederaldo Benetti, mostrou a reforma dos dormitórios climatizados onde foram adquiridos móveis (guarda-roupa, camas, colchões, cômodas) e roupas de cama novos e falou dos planos para 2018: a reforma geral da cozinha.
No dia 18 de dezembro aconteceu a confraternização com a comunidade
Apenas com móveis e eletrodomésticos, a nova cozinha exigirá 40 mil reais de investimento, fora os materiais de construção e de acabamento. Mas, como tudo que diz respeito ao CACAM atrai ajuda, no balanço do próximo ano, a tradicional festa de confraternização que reúne a comunidade, incluindo as famílias de apoio, terá mais um bom motivo para celebrar.

*Reportagem publicada na edição de 03.01.2018 do Jornal da Manhã.

Em agosto de 2010, este blog publicou uma reportagem sobre o CACAM que pode ser acessada AQUI!


domingo, 24 de dezembro de 2017

EM TERRENO FÉRTIL, PROJETO SEMEIA O FUTURO DE CRIANÇAS E JOVENS NA ZONA OESTE.

Por Célia Ribeiro

No fim de uma rua de terra batida, o terreno fértil responde brotando as sementes transformadoras que lhe são lançadas. Onde parece que a cidade termina é o princípio de tudo: uma construção simples abriga os sonhos de centenas de crianças e adolescentes, dos Jardins Cavalari e Higienópolis, assistidos pela ONG Projeto Semear Marília.
As crianças são acompanhadas no contra turno da escola
Como diz a canção “Prelúdio”, imortalizada por Raul Seixas, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto é realidade!” Essa teoria foi provada pelo encontro de uma ONG com o trabalho de uma mulher simples, que reunia na modesta residência, além de seus filhos, sobrinhos e vizinhos para contação de história, seguida de café da manhã, todo domingo.

Mãe de três filhos, Sandra Mara Luiz Ribeiro, 38 anos, sonhava com um futuro diferente para as crianças da vizinhança no Jardim Cavalari, Zona Oeste de Marília. “Meu pai foi o primeiro morador da favela ali de baixo”, contou com olhar sereno lembrando a infância. Em seguida, como uma boa contadora de história, mergulhou no tempo para relatar como tudo começou.
Adriano, Valéria, Sandra e Breno
Em 2014, Sandra trabalhava no setor de conservação e limpeza do Hospital Universitário. Certo dia, deixando a timidez de lado, abordou Claudino Brunharoto Junior, funcionário da instituição, em busca de doação de livros para as atividades que mantinha aos domingos, desde 2011. Como um dos 12 fundadores da ONG, de pronto ele se interessou pela história daquela figura de sorriso fácil e quis conhecer a iniciativa.

Dos primeiros grupos de crianças e adolescentes, o boca-a-boca se encarregou de espalhar a boa nova como o vento espalha o pólen das plantas. Em pouco tempo, já eram quase 20 crianças cada domingo. Para preparar o café da manhã, Sandra contava com doações de amigos para o leite, uma irmã fazia bolos e assim, a cada semana, a contação de histórias atraía um público fiel.
Aula de Jiu-Jitsu
Esse foi o cenário encontrado pela direção da ONG que, desde 2010, atuava em campanhas para arrecadação e distribuição de material escolar e apoio a outras entidades para reformas de bibliotecas, espaços de estudos etc. Com mais de 150 voluntários, formando um grupo heterogêneo (de juiz do Trabalho, advogados, engenheiros, médicas, empresários a estudantes e donas de casa), a instituição abraçou a causa.

SEMEADURA

Segundo a pedagoga Valéria de Oliveira Munhoz Evangelista, “trabalhou-se durante muito tempo só aos domingos. Mas, na busca de reconhecimento e certificado inserimos as atividades da semana no contra turno da atividade escolar, porque o objetivo é a criança ir para escola em um período e ter atividade em outro”.
As atividades são comandadas por profissionais voluntários

Dessa forma, há dois anos, crianças a partir dos cinco anos e adolescentes até 17 anos têm acesso a uma programação diversificada durante a semana: Jiu-jitsu (arte marcial japonesa), balé, sapateado, dança, pintura em tecido, inglês, oficina de jogos para crianças com déficit de aprendizagem etc.

E como os brotos que se espalham em terra bem cuidada, a ONG atraiu importantes parcerias: a EMEFEI Chico Xavier avalia as crianças e adolescentes encaminhando-os para o projeto que dispõe de psicopedagogas voluntárias prontas a auxiliarem os estudantes em dificuldade. Além disso, a ONG “Psicologia e Integração Social” oferece atendimento psicológico individual a crianças e mães, durante sessões realizadas aos domingos em sala privativa construída no fundo do terreno da casa de Sandra.
Apresentação musical no evento de fim de ano
Muito organizada, a ONG Projeto Semear trabalha com escala de voluntários para a realização das atividades, explicou Valéria Munhoz: “Temos um grupo forte de psicopedagogas voluntárias do Semear que ajudam neste atendimento individual às crianças que têm dificuldade de aprendizagem. Temos psicopedagogas de manhã e à tarde, durante a semana”.

Aos domingos, mantendo a tradição, os voluntários são distribuídos em escalas com 20 pessoas para apoiarem as atividades desenvolvidas por temas. Por exemplo, o Natal, cuja culminância aconteceu no dia 17, foi o tema central que norteou os trabalhos desde novembro.

CULTIVE UM CAMPEÃO

“Através do Jiu-jitsu, do esporte, conseguimos patrocínio com empresas que pagam para o adolescente uma pequena bolsa de 250 reais por mês e uma cesta básica para a família”, acrescentou Valéria Munhoz. Para participar, o estudante não pode ter faltas e nem notas ruins na escola. Atualmente seis atletas são contemplados.

Um dos fundadores da ONG e atual coordenador geral, o juiz do Trabalho Breno Ortiz Tavares Costa afirmou que “o programa é para o adolescente que frequenta com seriedade, que treina sério, que aceita essa proposta”. O apoio vai além. Os jovens têm suporte para leitura de textos, de livros e elaboração de redações que são corrigidas pelos voluntários em preparação para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
Pais e familiares se uniram aos voluintários na festa de 17 de dezembro

Ele prosseguiu assinalando que “a ideia é incentivar o adolescente a terminar o colegial e se preparar para o curso técnico ou vestibular. A ideia é pegar a criança até adolescência indo para o vestibular e o mercado de trabalho”.

SONHANDO ALTO 

A auxiliar de limpeza Kelly Borges, 42 anos, participou da festa de Natal de domingo passado com o  filho de 16 anos e uma neta de 8 anos. Para ela, a ONG “é excelente porque ocupa a cabeça das crianças. A gente percebe a melhoria, uma mudança grande neles. Meu filho, que gosta de balé, ganhou uma bolsa de estudo para uma escola da cidade a partir de 2018”.

Tales com a mãe Kelly
Ao lado, Tales Vinicius, estudante do primeiro ano do ensino médio, falou com empolgação sobre a novidade: “Esse projeto foi onde me encontrei porque aprendo um pouco de tudo”. Com a possibilidade de fazer aulas de balé com a professora Amanda Lima ele sonha realizar o sonho de se tornar um bailarino profissional.

NOVA SEDE: FINCANDO RAÍZES 

Apesar das ampliações na estrutura física, a casa da Sandra ficou pequena para as mais de 100 crianças e adolescentes assistidos. Por isso, a proposta do NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz) de doar um terreno, localizado nas imediações, e os recursos iniciais para construção da sede própria chegaram como uma benção. Quando estiver concluído, em meados de 2018, o prédio funcionará com o projeto da ONG Semear durante o dia e à noite receberá as atividades do NEAP.
Obras da sede própria na fase de fundação
A sustentabilidade econômica da ONG é garantida com doações da comunidade e de empresas. No site: www.apoiesemear.com.br estão as diversas formas de contribuir com a causa. E no portal da ONG, www.projetosemearmarilia.org.br, é possível conhecer a abrangência do projeto e ter acesso às prestações de contas desde 2012 em uma invejável demonstração de transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos.

E por falar em recursos, este ano o Papai Noel chegou mais cedo com a campanha do Panetone Solidário do Tauste. A meta é chegar a 30 mil unidades, até 31 de dezembro, com renda totalmente revertida para a construção da nova sede do Semear. Neste Natal, ao levar para casa ou presentear família e amigos com panetones, todos podem colocar mais um tijolinho nesta obra.

* Reportagem publicada na edição de 24.12.2017 do Jornal da Manhã

Obs. Fotos de atividades são do site da ONG (http://www.projetosemearmarilia.org.br/)
e Fotos da comemoração do Natal são de Célia Ribeiro


domingo, 17 de dezembro de 2017

COMO A SENSIBILIDADE ALIMENTAR LEVOU UMA JORNALISTA A CRIAR RECEITAS SAUDÁVEIS.

Por Célia Ribeiro

Os balões coloridos e as réplicas dos personagens recepcionam os pequenos convidados. Na mesa principal, ao lado do bolo temático, docinhos em embalagens multicoloridas atraem os olhinhos curiosos. Para a maioria das crianças, a hora das guloseimas é aguardada como um presente; mas, para algumas delas, os brigadeiros continuarão fora de alcance por serem portadores de algum tipo de sensibilidade alimentar.
Brownies são o carro chefe da confeitaria Mombrum
A situação descrita acima é mais comum do que se imagina. Estudos apontam que, de cada 100 crianças, 8 apresentam sensibilidade a algum alimento. Evidentemente, as crianças (e seus pais) são os que mais sofrem, o que abriu uma avenida de oportunidades para quem apresenta alternativas inclusivas neste universo.

Em Marília, a jornalista Mariana Roncari, 32 anos, se encontrou na confeitaria artesanal ao fundar a Mombrum, em abril deste ano. Apaixonada por doces, principalmente à base de chocolate, ela possui sensibilidade a nada menos que 38 alimentos e, como os pequenos das festinhas infantis, tinha que passar bem longe dos bolos, brigadeiros e beijinhos de côco.
Fabrício e Mariana no Bazar da Vila das Artes
Sem ser uma expert na cozinha, Mariana correu atrás do prejuízo. Frequentou cursos de confeitaria, fez experimentos e adaptações, chegando a receitas que fazem muito sucesso não só entre quem tem alergia ou sensibilidade alimentar como, também, entre o crescente público vegano que não come nada de origem animal.

UMA BOA CAUSA

A ideia era iniciar a Mombrum mais adiante, não fosse uma gatinha doente cruzar seu caminho. Mariana conta que recolheu o animal muito debilitado, na rua, encaminhando-o ao hospital veterinário. Apesar das tentativas, Lili não resistiu, morrendo quatro dias depois deixando, além de saudade, uma conta de 800 reais com o tratamento. Muito triste, a jornalista teve a ideia de produzir brownies para vender entre amigos e levantar os recursos necessários.
Tiramissú: delícia da confeitaria italiana 
Sobremesa de chocolate típica da culinária dos Estados Unidos, o brownie conquista pela combinação de sabores. Mas, sensível ao leite e derivados, farinha de trigo etc, a jornalista criou uma versão que leva ovos caipiras, manteiga de búfala, chocolate, cacau e açúcar cristal. “A ideia era vender 80 brownies a 80 amigos, por 10 reais. Em uma semana consegui vender tudo e pagar a conta do veterinário. Mas, os pedidos continuaram chegando”, revela.

A boa aceitação do doce americano alavancou a confeitaria artesanal da jornalista que pesquisou outros ingredientes e, atualmente, oferece também a opção com chocolate belga, ovos caipiras, óleo de côco, cacau e xilitol (adoçante natural à base de fibras vegetais). Do brownie para o brigadeiro, foi um pulo.

Mariana Roncari criou opções que têm como ingredientes leite condensado de amêndoas preparado por ela, cacau, chocolate em altas concentrações, açúcar de côco ou demerara, manteiga de búfala ou óleo de côco, dependendo da sensibilidade alimentar. Há ainda as trufinhas de tâmaras com macadâmia, amendoim e castanhas. Ou seja, brigadeiros e beijinhos garantidos para quem tem intolerância, é vegano ou procura opções menos calóricas.
Brigadeiro leva leite condensado de leite de amêndoa: sucesso nas festas infantis
E, suprassumo do bom gosto, Mariana se aventurou por outras paragens e já produz, sempre sob encomenda, Tiramissú (delícia italiana) e até cheese cake sem queijo, usando pasta de castanha de caju.

HOMENAGEM AO AVÔ

Neta do conceituado professor Dr. Idevar Mombrum, titular da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu, que trabalhou na implantação do curso de Medicina da Unimar, Mariana Roncari decidiu homenageá-lo. “É um nome que já tinha ligação com a cidade. Muitos tinham o nome do meu avô na memória e foi ele que me trouxe para Marília onde vim estudar jornalismo”. Ela lamenta o Dr. Mombrum ter falecido seis meses antes de se formar. A homenagem na confeitaria, dessa forma, tem um sabor ainda mais doce.

A jornalista conta que percorreu um longo caminho até diagnosticar seu problema. Sempre doente, faltando ao trabalho, tratou de gastrite erosiva, enxaqueca crônica “e nenhum médico conseguia resolver”. Chegou a fazer testes para alergia até a pelos de gatos, sua paixão. Nada. Foi somente quando a nutricionista Priscila Franco solicitou exames relacionados a 220 alimentos que ela foi confrontada com a dura realidade.
Brownies têm duas opções, incluindo a versão com chocolate belga

Mariana Roncari é sensível a nada menos que 38 alimentos, incluindo milho, soja, feijão, trigo, leite de vaca, castanha de caju, linhaça e até ao açúcar da cana-de-açúcar. No auge da crise, chegou a pesar 48 quilos e foi com muita persistência que encontrou o caminho para se manter saudável.

“Aprendi o que era comer, o respeito pelo corpo. Hoje, consigo entender o meu corpo, ouvir o que ele me fala e respeitar isso, quais alimentos são legais”, assinala, acrescentando que tenta preservar seu corpo “porque já fiquei muito doente e agora não pego nem gripe, nunca mais tive amidalite”.

CRIANÇAS

Conciliando o trabalho na Revista D’Marilia, Mariana Roncari tem a ajuda do namorado, Fabrício Resende, na Mombrum. A dupla participa de feiras veganas e eventos como o recente Bazar Quintal da Vila, na Vila das Artes, além de atender encomendas.

A jornalista relata, com visível emoção, a alegria que sentiu ao produzir uma versão de brigadeiros para a festa de aniversário de uma garotinha de um ano que nunca ingeriu açúcar. Para ela, poder oferecer produtos feitos com critério e que atendam às necessidades, seja uma leve sensibilidade até uma alergia alimentar mais severa, é inspirador.
Docinhos que lembram beijinhos e brigadeiros são vendidos em centos
Conforme disse, “há outras pessoas trabalhando neste segmento. Eu trabalho com receitas personalizadas. Por exemplo, se não pode leite de vaca substituo por manteiga de búfala, leite condensado de leite de amêndoa; se é diabético posso usar stevia ou xilitol. O importante é oferecer um produto gostoso e saudável sem abrir mão do prazer de um bom doce”.

Para saber mais sobre a confeitaria artesanal Mombrum, acesse o perfil nas redes sociais: FACEBOOK @mombrumconfeitaria ou WhatsApp: 14 98825-0355

* Reportagem publicada na edição impressa de 17.12.2017 no Jornal da Manhã

sábado, 9 de dezembro de 2017

ORIGINAIS E ACESSÍVEIS, OS PRODUTOS ARTESANAIS SÃO DISPUTADOS NO FIM DO ANO.

Por Célia Ribeiro

Um fio de linha e um retalho de tecido aqui, uma essência borrifada ali e pérolas selecionadas com cuidado: nas mãos habilidosas de três artesãs vão surgindo criações delicadas e únicas. São produtos artesanais, criativos e acessíveis a todos os bolsos, que fazem a alegria de quem costuma presentear amigos e familiares nas festas de fim de ano.
Saboaria artesanal: sabonete empérolas
Marília é uma cidade privilegiada quando o assunto é talento. Há muita gente fazendo trabalhos em grupos de voluntários para ajudar uma causa ou entidade, criando sozinha para relaxar a mente e o corpo, ou que descobriu uma nova fonte de renda aliando o prazer de produzir encomendas ao novo negócio.

A seguir, três artesãs contam um pouco sobre seu trabalho.

JÉSSICA GOMES: SABOARIA ARTESANAL

Formada em Recursos Humanos, a jovem Jéssica Gomes sempre se encantou com o belo. Por 07 anos trabalhou com a venda de acessórios e tinha uma clientela cativa. Mas, estava faltando alguma coisa: “Eu gostava muito do que eu fazia, mas chegou um momento que senti a necessidade de mudar e fazer algo que, além de ser o meu trabalho, me relaxasse muito”, contou.
Parece doce: mas é sabonete cremoso de colher

Com o apoio da mãe, a servidora pública Regina Moura, ela encarou o desafio capacitando-se nos cursos de saboaria artesanal. O resultado apareceu tão logo abriu o “Ateliê A Lua Me Disse”. Os sabonetes cremosos em potes, acompanhados de colher, lembram os doces que fazem sucesso nas festas infantis. Acondicionados em vidros adornados por fibras naturais, tecidinhos e frutas desidratadas, os sabonetes de colher enfeitam e perfumam podendo ser usados no lavabo ou no banho.
Jéssica e a mãe Regina
A lista do Ateliê é variada: sabonetes líquidos, em creme e em barra, água de lençois, aromatizadores, mini sabonetes em formato de pérolas acondicionados em elegantes frascos de vidro, Kits em caixas decoradas, hidratantes, sais de banho, pós-barba, sachês etc. Aproveitando o Natal, a novidade fica por conta de sabonetes com formato de Papai Noel e da Sagrada Família, além de caixas e sacolinhas decoradas para embalar presentes.

Jéssica afirmou que “as pessoas gostam muito de procurar os presentes. Todo mundo gosta de ganhar um mimo para a pele, para perfumar a casa ou seu ambiente de trabalho”. Ela explicou que produz diariamente, “por ser um trabalho delicado e que exige um tempo; por exemplo, o sabonete em barra tem um tempo de derretimento da matéria prima, um tempo para esfriar e poder misturar o restante da matéria prima e um tempo de secagem.”
Os kits são muito pedidos no fim do ano
Sobre o interesse pelo seu trabalho, Jessica disse que “o artesanato sempre esteve em alta. As pessoas acham lindo por ser algo que não se encontra, na maioria das vezes, no comércio tradicional. E, como podemos criar de acordo com as necessidades e desejos de cada um, creio que é um ponto que atraia o interesse das pessoas”.
Os sabonetes recebem decoração especial
Ela concluiu destacando o prazer que encontrou no novo trabalho: “Adoro fazer artesanato, adoro arte em geral e creio que, quando fazemos o que realmente gostamos, não tem como dar errado. Acho que a energia positiva que desprendemos em tudo o que fazemos com amor atrai o que há de mais positivo sempre”.
Papai Noel em sabonete: sucesso no Natal
A artesã exibe suas criações na fanpage https://www.facebook.com/ALUAMD/ onde podem ser feitas encomendas. Os produtos têm etiqueta com prazo de validade.

ANGELA BOTTINO: SANTAS & SANTOS

Eles fazem sucesso o ano inteiro. Mas, em datas religiosas as encomendas chegam a todo instante: são os santos e santas customizados pela artesã Angela Bottino. Com rara delicadeza, ela produz os trabalhos de acordo com os pedidos, o que torna suas peças únicas tanto para quem vai presenteá-las como para quem deseja ter em casa ou no trabalho uma das suas criações.
Imaculada conceição e Nossa Senhora de Fátima

Angela revela como tudo começou: “Sempre fui ligada às artes. Fui professora de Artes e ao me aposentar eu procurava algo para fazer quando vi algumas imagens customizadas e me apaixonei. As amigas viram e começaram a pedir” e com suas postagens nas redes sociais os pedidos aumentaram.
Santa Apolonia, protetora dos dentistas
Ela comentou que “as pessoas que encomendam minhas imagens são devotas, ou quem deseja dar um presente a alguém que aprecie ou tenha devoção a alguma santa. O meu diferencial acredito que seja o fato de tentar colocar nas peças os desejos de meus clientes”.

A delicadeza das pérolas no manto de Nossa Senhora Aparecida
Angela disse que pede prazo para entregar os trabalhos porque “não deixo estoque pronto. Assim que vou produzir uma peça dedico a ela o meu dia. Só compra peças artesanais quem realmente gosta de algo diferenciado. Cada peça é única. Em cada uma existe o amor que se coloca na elaboração, diferente de um produto industrializado”.

O contato de Angela é: https://www.facebook.com/angela.bottino.7 

MARA BONELLO PERES TÁPIAS: ARTE EM FAMÍLIA

O sorriso chega antes que ela: a publicitária Mara Bonello Peres Tápias é a alegria em pessoa. Bem-humorada, sempre ilumina o seu entorno. E com essa animação toda é que ela se joga nos trabalhos manuais por inspiração da irmã, Helena Rubira Peres. “Tudo começou pela Helena.  Ela fazia alguns trabalhos de personalização de toalhas de banho e o pessoal que trabalhava com ela começou a encomendar. Mas, só fazia para dar de presente”, revelou ao falar sobre o início da atividade.
Artesã reaproveita CDs nos escapulários de porta
Ela prosseguiu contando que a irmã se animou, foi se empolgando, “comprando tecidos, linhas, tintas, etc. E fez uma promessa que quando se aposentasse iria se dedicar a isso. O tempo foi passando e ela ainda trabalhando convidou a mim e minha outra irmã Inez para nos reunirmos uma vez por semana”.
Mara (Esq) com as irmãs Helena e Inez e amigas Tereza e Eni

O resultado dos encontros semanais pode ser visto em lindas peças confeccionadas pelas irmãs e por amigas que, vez ou outra, apareciam: “Nós nos víamos, dávamos boas risadas e ainda fazíamos um lanchinho bem especial. Chegamos a fazer um bazar bem lindo e com muitas  peças artesanais no quintal da casa da Helena”.
Atenção aos detalhes: trabalhos especiais
Com uma pegada sustentável, Mara reaproveita CDs que seriam descartados como base para lindos escapulários de porta: Nossa Senhora, Anjo da Guarda, Espírito Santo, Virgem Maria, Santo Antônio, São Francisco entre outros. “As encomendas acontecem naturalmente. Deixo em exposição na Clínica da Mariana Tavares onde a Juliana Tápias trabalha e as coisas vão acontecendo”.
Há várias opções de escapulários de portas
Nas redes sociais, Mara também compartilha suas criações. E, entre sorrisos e alto astral segue colocando arte em cada retalho adornado por rendas e fitas.

O contato de Mara é: https://www.facebook.com/mara.bonelloperestapias

domingo, 26 de novembro de 2017

QUINTAL DA VILA: MÚSICA E GASTRONOMIA FORAM A CEREJA DO BAZAR DE ARTESANATO

Por Célia Ribeiro

Pouco antes dos primeiros raios de sol se debruçarem sobre a Vila das Artes, as vaidosas bonecas de pano disputavam o espelho com os tecidinhos coloridos, bolsas de patchwork, quadros, cerâmicas, tapetes e uma infinidade de produtos ansiosos para se mostrarem aos visitantes: sábado, 25 de novembro, nem bem amanheceu e a vila foi tomada por diversas tribos levando muita alegria e criatividade na bagagem de mão.

O tradicional bazar de fim de ano da Vila das Artes inovou. Além do artesanato da melhor qualidade, havia espaço para gastronomia, com destaque para a culinária mexicana, doces artesanais, produtos light e diet, além de doces veganos. E como tudo que é bom pode melhorar, a música deu um toque especial, através da cantora Carol Alaby e da oficina de música, utilizando baldes e sucatas, de Augusto Botelho que encantou os pequenos.
Professora Sueli juntou doces deliciosos ao seu artesanato
Criada há 10 anos pela artista plástica Patrícia Garcia Muller Manzano, a Vila das Artes é um daqueles lugares inesquecíveis, que dá sempre vontade de retornar porque o espaço está em permanente transformação. Concebido para as crianças, as mamães também têm vez. Há cursos para todos os gostos: Patchwork, cerâmica, confecção de bonecas, costura para crianças a partir dos oito anos, pintura em tela e em tecido, papietagem, mangá etc.
Patrícia Muller e as bonecas encantadas
A edição 2017 do “Quintal da Vila” reuniu um número grande de participantes. No interior da escola, na construção anexa e no quintal, havia expositores por toda parte. O tempo bom foi parceiro contribuindo para o movimento intenso de visitantes que, entre uma compra e outra, faziam pausas para o lanche se deliciando com os quitutes diferenciados.
Delícias da Leve & Diet de Renata Montolar
fizeram sucesso (Av. Rio Branco, 4 A - Tel. 14 34131590)

Muito feliz com o sucesso do evento, Patrícia Muller explicou que “quem gosta de coisa feita à mão tem algo a ver com a gente, porque a gente está acostumada a trabalhar com isso. As pessoas vão se atraindo. Eu tenho muito prazer de ver as pessoas se encontrarem. Acho que eu descobri um grande prazer na vida e acho que é isso, proporcionar os encontros. Eu queria poder registrar, fotografar, cada encontro que é tão lindo”.
A jornalista Mariana Roncari levou doces veganos. Reportagem sobre
esse trabalho estará na próxima edição do blog dia 01/12
Ela prosseguiu observando a integração entre os diversos expositores e o público: “Eu adoro essa transição. Olha aqui, olha o que ela fez, uma conhecer o trabalho da outra. Tenho um prazer nisso que não dá para descrever”. Patrícia disse que a diversidade tem por objetivo proporcionar “um dia prazeroso em todos os sentidos, proporcionar a conexão e a troca”.
A jornalista Angélica Medeiros apresentou seus doces caseiros (14-98133-4900)
Um dos pontos a destacar foi a presença de quase todas as professoras da Vila: “Alessandra, professora de boneca; Malena, professora de Patchwork; Denise, professora de crochê. Cada uma com seu trabalho, mas teve quem ensina Patchwork e levou biscoitinhos artesanais para vender, como a professora Sueli”, destacou Patrícia Muller. Ela revelou uma novidade: a artista Rossana Cilento, a bordo de um tear, atraiu muita atenção. Ela deve se integrar à Vila, com aulas de tear, em breve.

MARILIA BAUNILHA

A turma da “Marília Baunilha & Patch”, que se reunia toda semana na Vila das Artes,  e  foi registrada neste blog, também estava no bazar. Com alegria contagiante, Irene Martin, Télcia Vernaschi e Maria José Santos (Zezé) contaram que nem a distância diminuiu o ritmo das bauniletes.
Télcia, Irene e Zezé: arte com alegria
É que uma das primeiras integrantes, Maristela Ursulino, se mudou para Bauru e faz questão de estar nos encontros onde fios e linhas costuram, com pontos firmes, a amizade de décadas. “A Marília Baunilha continua firme. Nós nos reunimos todas as quintas-feiras, cada vez na casa de uma e geralmente na casa da Eneida, vulgo Marambaia, para produzir. As nossas reuniões são de muita terapia, muito riso, muito cafezinho e muito bolinho”, contou Télcia Vernaschi, entre gargalhadas.

Na mesa ao lado, Malena Galvão se juntou à animação das bauniletes. Professora de Patchwork, ela foi convidada pela Patrícia Muller a ensinar na Vila. O talento, visível nas belas produções que expôs, tem uma explicação genética: “Minha mãe sempre costurou, sempre bordou, fez roupa de noiva. Acho que quando ela colocava a gente para fazer os alinhavos foi essa a descendência do meu
trabalho”, revelou.
Malena Galvão ensina Patchwork
Ela comentou o interesse pelas artes em uma época de produção industrial em grande escala: “As pessoas se cansaram e o artesanato está em alta. A produtividade das pessoas está sendo muito bacana porque estão se diferenciando, estão se ocupando. Muitas delas já se aposentando e se encaminhando não só para o Patchwork como outras áreas do artesanato”.

Malena Galvão falou sobre os benefícios das aulas: “É muito bacana porque é o encontro das amigas, duas vezes por semana. Você começa a fazer novas amizades, passa os interesses e todo mundo neste horário tomando seu lanchinho e costurando. É gratificante porque você vê que elas passam a gostar. Tem aquelas que chegam sem saber pegar na agulha e depois de dois ou três meses saem produzindo. Elas têm interesse em se ocupar”, finalizou.

NOVIDADES

Mal acabou o bazar de 2017 e Patrícia Muller já tem muitos planos para 2018. Além do bazar do “Dia das Mães”, em maio, há estudos para criação de um evento com trabalhos de crianças com Síndrome de Down, que inclusive tem uma aluna aplicada na Vila, que é a Juliana, e uma feirinha do tipo “vender o que faço” dos trabalhos das crianças que frequentam os cursos da Vila.

Rossana Cilento e seu tear: aulas em 2018
A julgar pela disposição do pessoal, as bonequinhas de pano da Vila das Artes podem começar a pensar nos modelitos novos. Afinal, terão muitas oportunidades para se mostrarem lindas e elegantes quando o novo ano bater à porta.

A Vila das Artes está localizada à Rua Atílio Gomes, 64, próxima à rotatória do bairro Fragata. Para ler o que já publicamos sobre a Vila, acesse: Marília Baunilha, Vila das Artes e Reciclagem para crianças

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

QUINTAL DA VILA: EVENTO REUNE ARTESANATO, MODA, GASTRONOMIA, MÚSICA E ARTE

Cartaz do evento
Por Célia Ribeiro

Acontece neste sábado, 25, o Bazar "Quintal da Vila". A cobertura completa será publicada no fim de semana, com fotos e entrevistas do evento.

Neste blog, o leitor pode conhecer um pouco sobre a Vila das Artes, clicando nos links: Marília Baunilha e Patch sobre o grupo incrível que se dedica ao artesanato e à amizade, não necessariamente nesta ordem. E ainda: Aproveitamento de recicláveis  e Consumo Consciente pelas crianças.

As primeiras reportagens foram publicadas no Correio Mariliense, em 2.011. De lá para cá, várias matérias foram publicadas sobre este espaço onde a criatividade e a imaginação não têm limites. 

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

SENAC Marília: evento gratuito debate diversidade no cotidiano do trabalho social

Evento gratuito debate diversidade no cotidiano do trabalho social
O Senac Marília realiza, na próxima terça-feira (21), o evento Sala Social: Reflexões e Diálogos, com o objetivo de promover um espaço de debate e aproximação entre os diferentes setores sociais sobre as demandas e tendências das novas tecnologias. A atividade contará com uma palestra sobre a diversidade e as dinâmicas de convivência a partir de questões relacionadas ao desenvolvimento humano e à constituição de seus direitos para contribuir com a minimização das vulnerabilidades e a disseminação das práticas sociais.
O debate é aberto ao público e destinado, principalmente, a profissionais da área de gestão, recursos humanos e desenvolvimento social de empresas públicas e privadas. Durante a atividade será feita uma exposição dialogada, com dinâmica e roda de conversa sobre as diversidades encontradas no ambiente de trabalho social, suas consequências e desdobramentos. Para participar da atividade, as inscrições devem ser feitas pelo Portal Senac www.sp.senac.br/marilia.

Serviço:
Palestra: Diversidade no Cotidiano do Trabalho Social
Data: 21 de novembro de 2017
Horário: das 13h30 às 15h30
Local: Senac Marília
Endereço: Rua Paraíba, 125 - Centro
Informações: www.sp.senac.br/marilia

Fonte: ComTexto Comunicação Corporativa

domingo, 19 de novembro de 2017

AFROFEST: PROJETO DIFUNDE CULTURA E DESENVOLVE A AUTOESTIMA DAS CRIANÇAS

Por Célia Ribeiro

Um projeto social, iniciado há cinco anos em Marília com o objetivo de difundir a cultura negra, ganhou nova dimensão ao extrapolar o binômio moda e beleza para atuar no desenvolvimento da autoestima, sobretudo das crianças. O Afrofest teve seu ápice neste fim de semana, com os concursos Miss e Mister Beleza Negra das escolas estaduais, desfile Top Kids e Teens (sexta-feira) e Concurso Miss e Mister Beleza Negra 2017 (sábado).
Cartaz do evento 2017

No entanto, o trabalho começou em fevereiro com a inscrição das crianças e jovens que chegaram ao Afrofest cheios de expectativa. Quem explica é Denise Campos Justino,  uma das voluntárias que mesmo após deixar uma das coordenadorias na Secretaria Municipal da Cultura, onde atuou por vários anos, transpira entusiasmo pela causa.

Ela contou que a ideia surgiu quando seu filho Jairo e alguns amigos questionaram a existência de eventos das comunidades italiana, portuguesa, árabe e japonesa, enquanto não se fazia nada alusivo à comunidade negra. “Queríamos, desde o início, trabalhar a questão da beleza, da autoestima, porque o negro, tanto a criança como o jovem, não se olha no espelho e fala ‘eu sou negro’. Diz sou mulato, puxei mais para a minha mãe, fica aquele colorismo. Ele tem que se reconhecer negro primeiro e, segundo, sou negro e sou bonito”, destacou.
Abertura do evento (17/11): Denise Justino é a primeira à esquerda
Denise explicou que o Afrofest teve início com o concurso, em 2014. A partir do segundo ano, chegaram as primeiras crianças. Hoje, 60 delas se reúnem com a equipe, no último sábado de cada mês, no Espaço Cultural: “Com a criança a gente trabalha de forma lúdica. Não fico falando do racismo, do preconceito”, assinalou.

A ativista cultural recordou o dia em que  abordou a controversa questão capilar: “Sabe porque nosso cabelo é assim? Porque lá na África, se você tiver o cabelo totalmente liso vai cozinhar seu cérebro”. Com essa naturalidade no falar, os cinco voluntários tratam de temas recorrentes visando elevar a autoestima das crianças e jovens negros que passam a ter orgulho da sua pele e do seu cabelo.
“A coisa mais grata é quando uma mãe chegou e disse que a filha tinha vergonha de ser negra; que depois que entrou no Afrofest ela adora ser negra, se acha linda e empoderada e vai para a escola com o cabelo solto”, prosseguiu. Conforme disse, “o preconceito existe quando a gente não conhece. Tudo o que a gente vai falando, elas vão assimilando porque criança é um coração aberto para tudo”.

Nos encontros do grupo, os voluntários “ensinam sobre o estudo da África. A gente fala sobre africanidade, sobre identidade racial porque tem muita criança que o pai é negro e a mãe é branca ou ao contrário”, acrescentou.
Denise e as meninas do Afrofest

Denise Campos Justino frisou que as crianças que participam do projeto “não são crianças de risco,  são crianças negras, assim como as jovens dos concursos. Temos algumas que moram na periferia, mas a maioria é de universitárias”. No dia 04 de novembro, houve um encontrão entre as crianças e os participantes dos concursos de beleza negra. “As meninas vendo aquelas negras lindas, algumas de tranças, desfilando, se inspiram. Eu quero que elas olhem e digam: olha lá, deu certo. Não são prostitutas, não estão pedindo”, observou.

Ela coleciona histórias emocionantes que dão novo fôlego à equipe Afrofest para continuar desenvolvendo o projeto, como a mãe de uma das meninas que revelou: “Minha filha mudou completamente. Até as notas estão melhores”. Para Denise, “não tem dinheiro no mundo que pague”. 

REFERÊNCIA NEGRA

Filha do ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Nadir de Campos, Denise recordou a época escolar no famoso colégio particular que frequentava: “Não havia um colega negro, uma professora negra, nada que eu quisesse ser negra. Só tinha branco. Éramos só eu e minha irmã. Não tinha referência nenhuma”.

Prosseguindo, ela observou que “todo negro um dia tem um start e fala: sou negro, mesmo. O gordo emagrece, o japonês pode fazer uma cirurgia para abrir o olho, o ruivo pode ficar moreno, mas o negro é negro e acabou. Sou negro, mas tenho meus direitos e meus deveres. Não é aquele negócio de orgulho negro, porque nós somos negros, somos maravilhosos, não somos melhores que ninguém; isso que eu quero passar para as crianças, a questão da igualdade”.

Denise Justino fez questão de frisar que o Afrofest não envolve credos: “A gente não trabalha com questão de religião porque não dá certo. Nada que venha imposto de religião ou de partido político dá certo”. Ela revelou que houve pressão para incluir religião de matriz africana como o candomblé, mas não cedeu.
Tássia  eleita Princesa Beleza Negra em 18/11 com Diego Antônio (2º Mister)
“Quando a criança vem se inscrever não tem campo religião na ficha. Pode ter criança do candomblé, espírita, católica, evangélica. Eu sou evangélica, mas nunca chamei meu pastor para vir orar para as crianças, nunca peguei grupo de dança da minha igreja para colocar aqui.
Às vezes, querem jogar todo negro em uma vala comum, como se todo negro tivesse que ser de matriz africana”, disse, lembrando que visitou a África, recentemente, onde sua filha foi estudar e viu muçulmanos, católicos e evangélicos convivendo harmoniosamente.

PROGRAMAÇÃO

Denise Campos Justino falou, ainda, sobre a parte cultural do Afrofest que se inicia em fevereiro, começa a ter mais foco nos concursos em julho, quando são abertas as inscrições, mas também tem a parte de dança e música: “hip hop, street dance, capoeira, maculelê, happy, samba, pagode, porque é uma coisa universal”.

Durante o ano são desenvolvidas ações de cidadania: a conselheira do Conselho Estadual da Condição Feminina, Rossana Camacho, proferiu uma palestra às concorrentes do Miss Beleza Negra sobre o enfrentamento à violência. “Nossa preocupação é cultural, de empoderar essas meninas através do conhecimento. Fizemos a campanha de doação de sangue que leva cidadania, princípios e valores”.

A Campanha “Sangue Muito Bom”, levou dezenas de doadores do Afrofest e apoiadores do projeto ao Hemocentro, no último dia 11, como Tássia Camilo Barbosa, 28 anos, programadora de produção e candidata à Miss beleza Negra: “Achei a campanha extremamente importante. As pessoas precisam de empatia, a gente se colocando no lugar do outro. Tem muita gente precisando e não custa nada. É um ato muito bonito. A gente tem que doar mesmo”.
Tássia foi uma das doadoras de sangue


Com um sorriso iluminando o rosto, Tássia afirmou que “as pessoas precisam conhecer sobre o que é a nossa cultura, a nossa cor. Tem muita gente que acha que é bonito e gosta dos nossos turbantes, das nossas cores, mas não entende. Espero que com o projeto, o concurso, enfim, a gente consiga levar informações para as pessoas e não só o visual. As pessoas precisam conhecer um pouco da nossa cultura que é magnífica”.

APOIADORES

Realizado pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal da Cultura de Marília, juntamente com a equipe Afrofest, o evento teve o apoio dos seguintes patrocinadores: Banco Bradesco, Microlins, MegaEasy, FAIP, ONG Afrobras, Faculdade Zumbi dos Palmares (São Paulo), Hill Fashion e Estylo New.

GRITO DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Acontece neste domingo (19), a partir das 15 horas, na praça do Tiro de Guerra de Marília (zona norte), o Grito da Consciência Negra, em homenagem ao “Dia da Consciência Negra” comemorado no dia 20 de novembro. O evento tem apoio da Prefeitura, através da Secretaria Municipal da Cultura.

Segundo informações publicadas no blog da Secretaria da cultura, “o Movimento Negro de Marília está composto por representantes de segmentos da juventude, religiões de matrizes africanas, carnavalescos e grupos da diversidade de Marília e que se reuniram para pensar e propor atividades que valorizem a comunidade negra em regiões que carecem dessas oportunidades culturais e artísticas na cidade de Marília”, explicou Luciano Cruz, da Comissão Organizadora do evento.

Aberto ao público, o evento conta com oficinas, feira de gastronomia, exposições, rodas de conversa, capoeira, dança e música.



sábado, 11 de novembro de 2017

CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS: EXEMPLO VEM DE CASA NA ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS

Por Célia Ribeiro

Devido ao horário de verão, os últimos raios de sol ainda desfilam pelo tapete verde do campo de futebol quando se ouve o burburinho anunciar a chegada dos primeiros craques: é dia de disputa acirrada na Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Marília e Região (AEA). O que poucos sabem é o segredo de manutenção do gramado: a água abundante da natureza captada e armazenada em um sistema bem planejado sob a varanda no entorno da construção principal.
Água da chuva garante a irrigação sem custos
Na sede de mais de mil metros quadrados localizada em área privilegiada nas imediações do Esmeralda Shopping, a Associação mostra que o exemplo vem de casa. Quando foi concebida, a construção previu utilizar elementos que remetessem à preservação ambiental e ao baixo consumo de energia. Das econômicas lâmpadas de LED presentes no imenso salão social ao uso das águas pluviais, o projeto focou na sustentabilidade ambiental.
35 mil litros de água armazenados sob a varanda
Segundo o presidente licenciado da AEA e presidente em exercício do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), engenheiro Edson Navarro, “desde a concepção do prédio, tratamos da captação da água da chuva. Embaixo da varanda temos cinco caixas de 7.000 litros cada. São 35 mil litros que a gente usa de água da chuva para irrigar o campo”.

Com uma vasta área de 6.228 metros quadrados repleta de jardins, além do campo de futebol, a sede da entidade demanda uma grande quantidade de água. Mesmo com a capacidade de 35 mil litros de armazenamento, em períodos de estiagem é necessário lançar mão da água potável da rede abastecida pelo DAEM.
Cinco caixas de 7.000 litros no subsolo

Para Edson Navarro, o exemplo da AEA de captar, armazenar e utilizar a água da chuva é uma tendência irreversível, assim como outras soluções que geram economia com baixo impacto ambiental: “Na área de arquitetura não se pode pensar em uma instalação se não pensar nela com energia solar, aquecimento de água por energia solar, reaproveitamento de água da chuva, gerar energia na sua casa com sistema fotovoltaico”.

Engenheiro Edson Navarro

Conforme disse, “é uma tendência que o mercado nacional vai partir para isso, mesmo porque o custo da energia elétrica subiu. Tem o problema dos reservatórios porque, a cada dia que passa, temos menos água”, frisou o engenheiro eletricista.
Com mais de 300 associados, a entidade promove muitos eventos
Finalizando, ele informou que existem estudos para desenvolver um projeto piloto em condomínios horizontais visando a captação da água da chuva para distribuição às residências em uma rede separada da rede de água potável. “Para fazer um sistema individual fica caro, ao contrário de fazer no condomínio todo e distribuir a água captada da chuva para irrigação de jardins, por exemplo”.

Lâmpadas de LED nas instalações: de olho na economia

Espelhando-se em iniciativas inovadoras, como no Japão, a expectativa é que as soluções baseadas nas construções sustentáveis deixem de ser exceção e se tornem mais comuns daqui para frente.

ESPECIALISTA DARÁ TREINAMENTO

Nos dias 01 e 02 de dezembro, a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Marília e Região promoverá um treinamento sobre “Construções Sustentáveis” em sua sede à Rua Mecenas Pinto Bueno, 1207, com o engenheiro civil Fernando de Barros, especialista em planejamento e gestão ambiental pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro e mestre em engenharia de edificações e saneamento pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Construções sustentpáveis são tendência irreversível
A programação do evento, que tem o apoio do CREA-SP, inclui: impactos ambientais provocados pela construção civil; como é a construção hoje no Brasil; como saber se a construção é sustentável; práticas adotadas para diminuir os impactos ambientais; sistemas de certificação para construções etc.

A presidente em exercício da Associação, engenheira Claudia Sornas Campos, afirmou que “a AEA de Marília cumpre o seu papel de integrar e valorizar os profissionais promovendo cursos de atualização como este voltado para o aperfeiçoamento das técnicas em construções sustentáveis”. Ela concluiu assinalando que “será um momento muito apropriado para a troca de experiências e agregar novos conhecimentos”.

Para outras informações e inscrições, os interessados devem entrar em contato pelo telefone (14) 34336024. Associados da AEA têm desconto e pagam 30 reais, não sócios 100 reais e  universitários pagarão meia inscrição no valor de 50 reais.

(Fotos: Ramon Barbosa Franco/AEA)