domingo, 11 de novembro de 2012

ARTESÃ INOVA AO DEIXAR SETOR FINANCEIRO PARA SE DEDICAR AOS TRABALHOS COM RECICLÁVEIS.

Por Célia Ribeiro

O setor financeiro, com seus números e cálculos complicados, perdeu para as artes plásticas uma profissional que deixou as ciências exatas pelos pincéis, tecidos e, principalmente, pelos recicláveis que ganham vida nova em belas peças de decoração. Aos 35 anos, Andréia Salles Gonçalves é um exemplo da nova geração de artesãs que se dedicam a transformar materiais inservíveis, com muita criatividade.
Amdréia no ateliê de casa
Andréia começou a manifestar o gosto pelo artesanato desde menina. Não costumava brincar de boneca, mas quando via uma parede neutra lá ia a pequena colar adesivos. Se um vaso estava velho e descascado, ela tratava de encontrar uma maneira de reforma-lo pintando com cores vibrantes ou colando massinhas de modelar. A artista estava, assim, ensaiando os primeiros passos neste mundo surreal.

Com o passar dos anos, a artesã expandiu seus horizontes deixando fluir a criatividade ao redecorar cômodos das casas de amigos e familiares. Mas, quando se casou o interesse pelo artesanato ganhou novos contornos e sua residência virou um laboratório onde, até hoje, testa soluções inovadoras como os lustres feitos de sobras de canos de PVC, quadros de rolos de papel higiênico ou luminárias de barbante.

A VIRADA

Na adolescência, Andréia conciliava a vida profissional com a paixão pelas artes. Formada em Segurança do Trabalho, também atuou, por mais de 10 anos, na área financeira: “Sou de extremos. Quando trabalho, eu me dedico 100% porque sou perfeccionista”, contou explicando a causa de uma forte crise de estresse que a levou à emergência do hospital.
Vista da entrada do ateliê aguça a curiosidade
“Pensei que fosse morrer. Meus braços formigavam, apaguei mesmo”, recordou explicando que, naquele momento, decidiu parar com tudo e se dedicar a algo mais leve que pudesse garantir-lhe uma fonte de renda. “Meu forte são os quartinhos de bebê”, disse citando o pontapé inicial das atividades do ateliê que finalmente montou na entrada de casa, na zona oeste.

 Com o tempo, as encomendas foram aumentando impulsionadas pela famosa propaganda boca-a-boca. E a saída natural foi organizar o trabalho no ateliê onde amostras de produtos ficam em exposição. Da experiência financeira, ela aproveita os conhecimentos para gerenciar seu pequeno negócio pesquisando fornecedores para reduzir os custos e oferecer produtos a preços competitivos.

 Ela lamentou a falta de opção para encontrar matéria prima com preços acessíveis em Marília. A diferença de custo de uma cola, item básico, chega a 100% quando comprada pela internet. “Eu tenho que ganhar. Mas, todo mundo também merece ter uma casa bonita. Por isso, pratico um preço justo nos meus trabalhos”, assinalou.

O colorido do tecido dá vida nova aos caixotes de feira
Cores vibrantes dão um toque especial aos caixotes
E pensando em democratizar o acesso ao artesanato, Andréia se prepara para uma nova empreitada: nas próximas semanas estará com seu ateliê numa tenda da Feira do Pôr-do-sol: “Vou levar um pouco de tudo e principalmente dos artigos feitos com recicláveis, como os caixotes de madeira, garrafas PET, rolos de papel higiênico etc, para as pessoas verem que não precisam jogar fora muitas coisas. Basta ter imaginação que coisas bonitas podem ser feitas”.
(Esq.) Luminárias de PVC
forrado  de tecido e de barbante

Sonhando com um mundo colorido, a artesã também dedica um pequeno espaço do seu tempo a repassar os ensinamentos que aprendeu testando técnicas. Individualmente ou em pequenos grupos, ela atende adultos e crianças que saem do ateliê levando suas criações: “Já estou pensando num espaço maior e, com isso, ampliar as aulas”.

Até o fogão pode ficar especial: ideia que artesã
incorporou na cozinha da sua casa
Finalizando, Andréia mostrou-se feliz com a valorização crescente da arte com recicláveis: “Às vezes, a pessoa pinta a casa usando dezenas de latas de tinta e quando vai fazer um jardim não pensa que pintando as latas e parafusando na parede pode ter hortas suspensas ou belos jardins com flores na mesma lata que seria jogada fora”. Como ela diz: “É só olhar bem que dá para aproveitar um pouco de tudo”.
"Bolo" de fralda
faz sucesso

O ateliê da artesã, batizado de “Andréia Fiz Arte”, fica na Rua Santo Marco Gravena, 107. Seu telefone é (14) 97691918.
 
Reportagem publicada na edição de 11.11.2012 do Correio Mariliense

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