domingo, 29 de abril de 2012

CAIXAS DE LEITE, DISCOS DE VINIL E ATÉ CARRETEIS DE FIOS FAZEM A ARTE SUSTENTÁVEL DE APOSENTADA NA ZONA LESTE

Por Célia Ribeiro

“O essencial é invisível aos olhos”, escreveu o pensador francês Antonie de Saint-Exupéry quando imortalizou “O Pequeno Príncipe”, sua obra mais conhecida, no início do século passado. Distante quase 10 mil quilômetros de Paris, uma aposentada segue enxergando o que poucos veem em suas andanças na região do Aeroporto de Marília, onde vive com a família. É no bairro da zona leste que ela recolhe toda matéria-prima para criar peças únicas, inspiradas na natureza.

Caixas de leite e suco se transformam em belos vasos
Teresa de Oliveira, cujos trabalhos com galhos secos, folhas, sucata garimpada em caçambas e restos de materiais de construção, foram objeto de reportagem publicada nesta página, em outubro de 2.011, continua fazendo experiências para o reaproveitamento de descartáveis que resultam em peças originais a partir de embalagens de caixas de leite e de suco (Tetra Pak).

Após curar-se de uma depressão, quando começou a trabalhar com artesanato, a aposentada de 65 anos mantém uma rotina de dona de casa, que inclui os serviços domésticos e os cuidados dos netos Giovana (12 anos) e Dudu (07 anos). Por isso, procura aproveitar ao máximo cada momento livre.
Teresa e o certificado do concurso "Talentos da
Maturidade" do Banco Santander
“Sou muito curiosa e vivo pesquisando e experimentando coisas novas. Continuo trabalhando com os quadros com galhos e folhas secas, que são muito pedidos, mas resolvi aproveitar as caixinhas de leite para ver no que resultava”, contou na manhã carrancuda da última quinta-feira, enquanto caminhava até o depósito improvisado para mostrar os vasos e caixinhas de chá confeccionados a partir das embalagens longa-vida.

ORIGINALIDADE             

Teresa de Oliveira contou que não costumava fazer trabalhos manuais na adolescência e que nunca freqüentou cursos de artesanato. Sua fórmula é a curiosidade: “Gosto de experimentar coisas novas. Vendo um monte de caixinhas de leite pensei que também poderia usá-las nos meus trabalhos. Mexi daqui e dali, usei jornais colados às lâminas das caixinhas para dar mais firmeza, esperei secar bem e passei massa corrida. Quando vi, estava pronta a base dos vasos e o trabalho seguinte seria pintar e decorar com renda, fitas, e tudo o mais”.

Caixinhas de chá: novidade que custa 10 reais
Olhando atentamente os vasos tão bem confeccionados, é difícil imaginar que cada um consumiu cinco caixas de leite (04 para as laterais e 01 para fazer a base). Após ficarem prontos, a artesã se ocupa de decorá-los com flores secas, galhos e tudo o mais que encontrar. Ela compra pouquíssimas coisas. Prefere aproveitar o que tem em casa: retalhos de tecidos, botões, linhas etc.

As caixinhas de chá foram a última novidade. Forradas com retalhos de tecido, elas são práticas e podem ser posicionadas sobre os móveis ou penduradas na parede, porque vêm com um prático lacinho e são vendidas por apenas 10 reais.

 Mas, a grande surpresa ficou com os discos de vinil: nas mãos de Teresa, eles se transformam em objetos de decoração inusitados. Podem estar riscados, com a etiqueta desbotada, nada importa: a sonoridade não é o principal. A ideia é dar uma utilidade aos “bolachões”, como são conhecidos, livrando-os dos lixões.

Disco de vinil e carretel de madeira decoram a sala
“Quando ando de carro com minha filha, gosto de ficar olhando pela janela, atentamente. Ela fica brava comigo porque estou sempre de olho em alguma coisa jogada na rua, numa caçamba de entulhos”, contou às gargalhadas a divertida artesã. Foi assim que, observando a vizinha reformar o jardim, ela correu para pegar as raízes jogadas na calçada que viraram um belo centro de mesa  com detalhes delicados.

Vaso de vidro é um dos
mais encomendados para
presente de casamento
E como nada escapa ao olhar atento de Teresa, que vê utilidade onde as pessoas veem entulho, o formato dos quadros ganhou mais um reforço na versão redonda: garimpadas pela cidade, as rodas de madeira dos carreteis de fiação são, agora, a nova base de sua arte. Esse tal de Exupéry sabia das coisas!

Para entrar em contato com a artesã, escreva para: oliveira.teresah@gmail.com ou telefone para (14) 34139486 e (14) 81431481.

* Reportagem publicada na edição de 29.04.2012 do Correio Mariliense

terça-feira, 24 de abril de 2012

MEIO-AMBIENTE: SENAC DE MARÍLIA FORMA PROFISSIONAIS DO FUTURO DE OLHO NO AUMENTO DA DEMANDA.

Por Célia Ribeiro

Durante dois anos e meio, um grupo seleto de alunos, com faixa etária, origem e níveis de escolaridade distintos, pacientemente se prepara para conquistar o emprego dos sonhos. Enquanto o relógio avança rumo a 2.014, data limite para que os municípios implementem a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sob pena de ficarem órfãos dos recursos federais, os estudantes do Curso Técnico de Meio Ambiente do SENAC sabem que serão disputados pelo mercado, tanto no setor público como na iniciativa privada.

Grupo em estudo de campo na Bacia do Barbosa
Com aproximadamente 20 alunos, a primeira turma festejará a formatura em agosto. Mas, outras duas turmas já iniciaram o curso criado em substituição ao anterior de “Técnico Ambiental”. Numa sala confortável, em frente ao belo jardim interno da unidade, o coordenador do Curso Técnico de Meio-Ambiente, Prof. Armando Castello Branco Junior, biólogo de formação, fala com um entusiasmo de adolescente sobre o futuro promissor reservado aos seus pupilos.

Prof. Armando, coordenador do curso
 “Por conta da Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios, a partir de 2.014 serão obrigados a ter um programa de educação ambiental voltado à gestão de resíduos”, explicou o coordenador, assinalando que as Prefeituras deverão se preparar, com corpo técnico, para se adequarem à legislação federal. Ou seja, os prefeitos eleitos em outubro necessitarão de um plano de ação porque, ao assumirem o cargo em 2.013, terão que coloca-lo em prática para não serem penalizados.

Armando Castello Branco Jr. fez questão de esclarecer alguns equívocos de percepção sobre o profissional da área: “Muita gente pensa que educação ambiental é fazer cortininha com caixinha de leite. Não desmerecendo, isso é artesanato. Educação ambiental é mostrar os direitos e deveres de uma população em termos do nosso dia-a-dia, seja meio-ambiente do trabalho, da escola, de casa, da rua, da área de lazer”, pontuou.

Aulas práticas atraem os alunos
MÃO NA MASSA

Os estudantes do Curso Técnico de Meio-Ambiente têm muitas aulas práticas e visitas de campo. O objetivo é aliar a teoria às exigências do cotidiano e prepara-los para elaborarem planos exequíveis. Como eles vêm de várias cidades (além de Marília, Campos Novos, Echaporã e Garça, por exemplo), a troca de informações e experiências é sempre muito rica.

De acordo com o coordenador, os futuros técnicos “aprendem a trabalhar com a mobilização social, com líderes de bairro, entendem o que é parceria. Eles são obrigados a elaborar e desenvolver os projetos e, o que a maioria dos projetos governamentais peca, eles aprendem a avaliar se os objetivos foram atendidos, finalizando um relatório com a prestação de contas focada na realidade”.

DIVERSIDADE

Após se formarem, os técnicos de meio-ambiente terão à disposição várias opções dentro de um mercado em expansão: poderão ser dedicar à Educação Ambiental ou partir para o Licenciamento Ambiental, seja desenvolvendo estudos de impacto ambiental de projetos com potencial poluidor ou degradador na iniciativa privada ou até mesmo como consultores de empresas. Ou, ainda, como funcionários contratados pelo poder público, atuando na avaliação dos projetos apresentados. Grandes empresas, como a Petrobrás, abrem concursos com frequência com muitas vagas e altos salários para esses técnicos.

Estação de Tratamento de Água do Sistema Cascata
“Da mesma forma que houve a municipalização da saúde com a Constituição de 1988, nos últimos 10 ou 12 anos, está se promovendo a municipalização do Meio-Ambiente. Os empreendimentos de grande potencial poluidor continuarão passando pela CETESB. E aqueles com potencial local ou regional deverão passar pelas Prefeituras”, acrescentou Armando Castelo Branco Jr.

Orgulhoso do nível dos profissionais que o SENAC colocará no mercado, o coordenador assinalou que esses técnicos estarão aptos para atender as demandas das empresas modernas que contam ou pretendem contar com um Sistema de Gestão Integrada (Ambiental, Qualidade, Responsabilidade Social, Saúde e Segurança do Trabalho).

Jardins bem cuidados do Senac: inspiração
Ao fim da entrevista, cruzando o jardim bem cuidado da unidade, lançou um olhar para o alto como se dissesse baixinho: “O céu é o limite para esta turma”.

DIFERENTES TRIBOS

Aos 41 anos, o consultor de vendas Sandro Aparecido Medeiros, trabalha numa metalúrgica em Marília, mas sempre se interessou pela questão ambiental. Tão empolgado com o curso, na última quinta-feira ele revelava os planos de continuar estudando. Entre as informações que mais o impressionaram durante o curso, estão os problemas mundiais: a iminente escassez de água no planeta e a dificuldade de produzir alimento para acompanhar o crescimento populacional.

À esquerda, o Prof. Armando e parte dos alunos
da primeira turma que se formará em agosto
Veralice Furlan disse que se surpreendeu com o conteúdo do curso que reforçou sua ideia da importância da educação ambiental. O trabalhador da construção civil Alessandro da Silva, 33 anos, residente em Campos Novos está de mudança para Marília cheio de expectativas para o futuro após o término das aulas. Da mesma forma, a agente de Controle de Endemias, Ângela de Oliveira, 30 anos, depois de concluir um curso de Tecnologia de Alimentos se interessou pela questão do tratamento de efluentes, o que a motivou a se matricular no curso.

Em comum, os alunos têm a vontade de colocar em prática o que aprenderam e contribuírem para um mundo melhor.

* Devido ao feriado de Tiradentes, essa reportagem foi publicada, excepcionalmente, na edição de 24.04.2012 do Correio Mariliense

domingo, 15 de abril de 2012

GERAÇÃO DE RENDA E TERAPIA: CURSO DE ARTESANATO REUNE MORADORAS DA ZONA OESTE

Por Célia Ribeiro

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo. E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”: a letra da canção Aquarela, imortalizada pelo compositor de MPB Toquinho, quase salta dos potinhos de tinta para os tecidos rústicos dando vida aos desenhos coloridos dos panos de prato. A cena, que reúne meninas e mulheres na zona oeste, se repete toda terça-feira à noite quanto o grupo se encontra para as aulas de artesanato.
Garotas como Tainara (à direita), também estão no curso

A iniciativa partiu da comunidade, através da Associação de Moradores do Jardim América IV. Dos bate-papos informais, nas reuniões na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro, surgiu a ideia das mulheres se organizarem para as aulas de artesanato visando à geração de renda. Mesmo sem ter um local adequado, já que nem Centro Comunitário existe no bairro, falou mais alto a vontade de aprender as técnicas.

A dona de casa Marli da Silva, 45 anos e dois filhos, cedeu a garagem da residência localizada nas proximidades da USF, à rua Arnaldo Silva, 104. Foram providenciadas mesas e cadeiras e a Associação se encarregou da ajuda de custo para trazer a professora Zilda de Fátima Menegon Fernandes, que atravessa a cidade, vinda do Jardim Maria Izabel, na zona leste, especialmente para as aulas.
Garagem da casa reúne as alunas
 Após lecionar por 15 anos, a técnica em Química, que se aposentou no Setor de Qualidade da Dori, sempre teve jeito para os trabalhos manuais. Por isso, o convite para ensinar as mulheres do Jardim América IV e adjacências foi aceito de pronto: “No começo, cada uma fazia sua pintura, individualmente, e eu dava apoio. Agora, estamos trabalhando um desenho coletivo e, assim, posso passar a técnica correta para termos menos retoques no final”, explicou a professora.

 As motivações das aplicadas alunas são diversas. Enquanto as meninas, como Tainara Scaquete, 14 anos, e Alana Oliveira Galindo, 12 anos, contaram que estão pintando panos de prato para as mães, as mulheres mais velhas pensam em fazer do trabalho uma forma de incrementar a renda familiar: “Eu não sabia nadinha e estou fazendo para o gasto. Mas, quando aprender bem vou comprar uns panos melhores e fazer pra vender”, revelou a aposentada Josefa Alvarez Ferreira, de 60 anos.

Dona Marli cedeu a garagem de casa
Nas aulas de crochê e tricô, promovida pela associação às quartas-feiras à tarde, no prédio da Unidade de Saúde, dona Josefa aprendeu a confeccionar tapetes de barbante e já está lucrando com atividade: vendeu seis peças no próprio bairro. Com os panos de prato pintados no capricho ela espera repetir o sucesso da empreitada.

MOSTRUÁRIO

Com duração de três meses, o curso de pintura em tecidos completou 60 dias no começo da semana. Das 19 às 22h, toda terça-feira, o grupo heterogêneo se encontra na casa da dona Marli e aproveita cada minuto. Concentradas, as alunas estão preparando um mostruário das peças para atraírem a freguesia quando concluírem o aprendizado.

A professora quer promover uma exposição dos produtos para divulgar o trabalho e, evidentemente, abrir as portas para a venda do artesanato: “A aula não é só aquele momento de pintura. Mas, é também um momento de relaxamento, de distração, é uma terapia que a gente faz aqui dentro”, observou a professora Zilda Fernandes.
A professora mostra os trabalhos do futuro mostruário
Ela contou que o clima é sempre de alto astral: “Aqui a gente conversa, dá risada, faz amizades. Além do artesanato, temos o convívio entre as moradoras do bairro, o que é muito gostoso porque formamos uma grande família”.

Na noite de terça-feira, concentrada na atividade, uma das alunas tinha um motivo especial para frequentar o curso. Segundo informou uma das moradoras, a moça sofria com frequentes crises de convulsão. Após começar a frequentar as aulas, a saúde se estabilizou e sua qualidade de vida é outra.

Para ela, assim como para todas as participantes do curso de pintura em tecido, atrás do arco-íris dos potinhos de tinta se esconde a beleza que têm o desafio de revelar em singelos trabalhos manuais.

 * Reportagem publicada na edição de 15.04.2012 do Correio Mariliense

DICA VERDE

No dia 18 de abril, a página “Marília Sustentável” completará dois anos. Para marcar a data, vamos brindar nossos leitores com uma ideia criativa do fotógrafo Ivan Evangelista, autor dessa foto. É um alimentador de pássaros que pode ser feito no quintal, na varanda, ou qualquer espaço de casa: você vai precisar de um pedaço de madeira de 40 centímetros, seis ou sete pedaços de ferro, um gancho e uma cordinha para pendurar.

“Instale o gancho numa das pontas do caibro, faça furos ao longo da madeira, pode manter uma distância de 15 centímetros entre um e outro, atravesse os pedaços de ferro (30 centímetros em média), amarre a cordinha no gancho e pendure em uma árvore ou mesmo no beiral do telhado”, ensina.
Alimentador atrai pássaros

E continua: “Espete pedaços de laranja, banana ou abacate e puxe a corda para o alimentador ficar mais no alto. Sabiás, Sanhaços, Gaturamas Vi-Vi, Tico-ticos e outros pássaros que habitam o meio urbano vão agradecer a iniciativa”.

Quem fizer um alimentador desses pode fotografar e enviar a imagem para a página (mariliasustentavel@terra.com.br) que publicaremos no jornal e aqui no blog.

domingo, 8 de abril de 2012

EM ÁREA ARRENDADA NA VIA EXPRESSA, FAMÍLIA APOSTA NA PRODUÇÃO ORGÂNICA PARA VENCER.

Por Célia Ribeiro

Numa das regiões mais distantes da zona sul, o dia começa bem cedo para uma família de pequenos horticultores. Antes de ouvir o galo cantar, às 4 horas da madrugada, o rapaz de 30 anos pula da cama para iniciar a lida no campo: a primeira tarefa é a ordenha das vacas da propriedade em que trabalha, onde também arrenda um pedaço de terra para cultivar legumes e verduras. Só então, ele pode se dedicar ao novo negócio que toca em parceria com a esposa, um irmão e a cunhada, cheio de esperança de vencer na vida.

Família trabalha sob o sol forte
A nova empreitada, a alguns quilômetros de distância da primeira horta, localiza-se na subida da Via Expressa, ao lado da Comunidade Espírita Eurípedes Barsanulfo. Maurício da Silva Novaes, o irmão Almir, a esposa Cláudia e a cunhada Cristina Nakati, arrendaram a área para expandirem a produção de hortaliças orgânicas estimulados pela grande demanda pelos produtos que, evidentemente, conseguem melhor preço no mercado.

“A gente começou pequeno, há uns dois anos, perto da BR 153”, conta Maurício que, na manhã de terça-feira preparava os canteiros para receber as mudas armazenadas cuidadosamente à sombra no terreno. Em pouco tempo, ele notou que a alface, rúcula, salsa, cebolinha, quiabo, jiló, vagem, entre outras hortaliças e legumes, encontravam comprador certo, mas esbarravam na falta de espaço para expansão.

Maurício prepara novos canteiros
Foi quando os irmãos localizaram a área onde já existiu uma horta orgânica, fizeram as contas e decidiram apostar no novo desafio. Com muita vontade de vencer, os quatro arregaçaram as mangas sem se importarem com a longa jornada de trabalho. Enquanto Maurício e Cláudia moram longe, Almir e Cristina passaram a habitar a casa simples existente na área, a fim de proteger o empreendimento.

AMOR À TERRA

Habituados ao cultivo da terra, Maurício e Almir, juntamente com as esposas, dividem as tarefas. Tudo é feito com muito cuidado, sem utilização de produtos químicos. O adubo, por exemplo, vem ensacado da propriedade rural em que Maurício trabalha e não custa nada: é o esterco do gado.

Mudas prontas para o plantio
“Quando a gente sai pra vender, a primeira coisa que as pessoas perguntam é se a gente usa veneno. Aqui, só coisa natural. Por isso, nossa verdura dura tanto na geladeira”, explica Maurício, o mais comunicativo da família. Por enquanto, a produção da primeira horta está sendo entregue em trailers de lanche. Mas, eles sonham alto: “Quando começar a produzir aqui, a gente pensa em levar para a feira, também”.

E a horta terá que render bem, a julgar pelas expectativas de Cristina Nakati, descendente de japoneses: “Vai ter que sustentar duas famílias”, afirmou sorrindo, antes de convocar o marido e os cunhados para voltarem ao trabalho. Eles tinham muito a fazer antes colherem o fruto do seu suor.

FAZENDA EXPERIMENTAL DA UNIMAR

Na edição de 23 de outubro de 2011, o Correio Mariliense registrou a preocupação com a produção orgânica de alimentos, na reportagem sobre o curso de Engenharia Agronômica da Unimar: “O produtor tem que ter lucro, tem que visar o lado econômico, mas também o social e o ambiental. O produtor hoje tem que conseguir produzir, ter lucro, mas preservando o meio ambiente e preservando a saúde e a integridade do trabalhador rural”, destacou o professor Ronan Gualberto, na oportunidade.
Alface hidropônica cultivada na Fazenda Experimental da Unimar
Na Fazenda Experimental da Unimar, entre diversas atividades, os alunos cultivam hortaliças pelo sistema de hidroponia, cuja produção é comercializada nos supermercados da cidade, com grande valorização do preço. Para conferir essa reportagem, acesse  AQUI.

* Reportagem publicada na edição de 08.04.2012 do Correio Mariliense

DICA VERDE

LIMPEZA DE BUEIRO A JATO

A empresa Ecco Sustentável criou um método rápido e eficiente para limpeza de bueiros, usando uma caixa coletora, que foi testado na Capital. “Com o sistema atual de coleta de resíduos sólidos urbanos, a limpeza de um bueiro leva entre 50 e 60 minutos. Com o Ecco Filtro, neste mesmo tempo, 10 bueiros foram limpos, um aumento de produtividade de 1000%”, ressalta Carlos Chiaradia, sócio-diretor da empresa.
Rapidez na remoção de entulhos com a caixa plástica
O empresário ressalta que com o Ecco Filtro contribuirá para a retenção dos resíduos sólidos, impedindo-os de irem parar nos rios e galerias pluviais, evitando também o entupimento dos bueiros e galerias pluviais. Possibilita também a geração de renda, pois boa parte dos resíduos recolhidos são enviados para cooperativas de reciclagem, gerando empregos. Outro benefício é na melhor condição de trabalho dos operadores da limpeza, porque não terão mais contato direto com o lixo ao efetuarem a limpeza dos bueiros. Outras informações estão no site da empresa: www.eccosustentavel.com.br


domingo, 1 de abril de 2012

O BIBLIOTECÁRIO QUE QUERIA SER ENGENHEIRO CONTINUA INVENTANDO: DESTA VEZ, UMA BOMBA D’ÁGUA.

Por Célia Ribeiro

Com o mesmo olhar curioso do menino que desmontava os brinquedos para descobrir qual era o mecanismo de funcionamento, o bibliotecário aposentado que já inventou um original aquecedor solar artesanal, continua pesquisando soluções alternativas para geração de energia.  Desta vez, seu desafio é levar água de um córrego até o lago no sítio do irmão onde mantém uma criação de abelhas.
Antônio e seu protótipo no quintal de casa
Aos 71 anos, Antônio Corrêa Carlos Filho foi retratado pelo Correio Mariliense em maio do ano passado. Na oportunidade, ele contou sua trajetória, falou da paixão pela engenharia e, principalmente, da busca incessante pelo conhecimento. Familiarizado com a pesquisa, devido à profissão de bibliotecário, ele não mede esforços para encontrar o que procura. No caso do sistema elevatório de água, valeu pesquisar na internet e também nos livros com referências do antigo Egito!

No relatório elaborado para a última invenção, Antônio explica como surgiu a necessidade do sistema elevatório, “tendo em vista utilizar um riacho para alimentar um lago artificial onde as abelhas do apiário bebem água e durante alguns períodos do ano o lago fica com água parada por não minar água excedente para a troca. A primeira ideia foi drenar o lago, mas como ele não secou estamos pensando em torná-lo perene através de bombeamento hidráulico direto de um rio que fica bem abaixo do lago”.

O aposentado disse que o irmão já tinha tentado uma opção econômica. Mas, ficou frustrado quando instalou uma roda d’água, em parceria com o vizinho: “A roda d’água funciona de graça, mas tem um custo operacional alto. Precisa ficar limpando, tirando a areia que entra nas peças”, observou.
Modelo "Cherepnov"
ANTIGO EGITO
Decidido a encontrar uma solução de baixo custo, Antônio debruçou-se na pesquisa. Na internet conheceu o trabalho da pesquisadora Doralice Soares que aperfeiçoou o modelo russo, conhecido por elevador hidráulico não convencional “Cherepnov”. Antes, já tinha mergulhado na história, chegando à Fonte de Heron e ao antigo Egito onde, com estruturas rudimentares, conseguiam elevar a água de um nível ao outro nas construções.

 “A partir destas informações e sobre os sistemas de bombeamento dentro das pirâmides do Egito, comecei a pensar em criar um sistema que reunisse as vantagens de ambos e que pudesse também ser melhor em alguns aspectos. Desenhei um para testes, que poderá resolver alguns dos problemas apresentados nos sistemas descritos e que não utilizasse válvulas que é uma desvantagem do Cherepnov, que utiliza duas válvulas de retenção”, observou.

 Antônio explica o funcionamento de seu protótipo, que a família batizou de “Antonov”, da seguinte maneira: “Para não dificultar muito, desenhei um sistema mais simples, que utiliza a queda da água para gerar pressão, comprimindo o ar e, a partir disso, elevar água acima do nível da fonte de alimentação. O que pretendo é que não haja válvulas e que a elevação da água possa superar os demais modelos, analisados, com a combinação de ar/água no recalque, sem válvulas ou outras peças móveis”.
Detalhe da tubulação do "Antonov"
Ele prossegue, acrescentando que, “ao reiniciar o ciclo, toda água que estiver na elevação acima do primeiro nível deve se deslocar de volta para dentro do sistema. De forma que deverá ter um espaço a mais no primeiro tanque para receber esta água excedente. Isso fará com que o nível do tanque superior suba rapidamente e forçará com que o sifão entre em ação por essa elevação brusca de nível do tanque que ele tem que esvaziar até no nível do cano que desce e o volume do tanque abaixo”.
Usando materiais de baixo custo, na falta de uma válvula adequada, o aposentado criou a sua, usando uma moedinha que funciona muito bem na hora de reter a água entre um ciclo e outro. Conforme disse, nas próximas semanas ele testará o protótipo em tamanho natural, com tambor de 200 litros, no sítio do irmão.

“Além dessa aplicação na zona rural, esse modelo poderá ser facilmente construído onde instalarem sistema de coleta de água da chuva. A água armazenada poderá subir até uma caixa no telhado da casa e ser usada para descarga de banheiros, por exemplo”, assinalou o inventor mariliense.
Aquecedor solar artesanal
funciona perfeitamente
Para quem construiu um aquecedor solar artesanal, usando latas de tinta de 18 litros vazias e garrafas PET, que ainda funciona 10 anos depois, não é de duvidar que o sistema elevatório de água tem muitas chances de emplacar, usando apenas a gravidade. Incansável, o bibliotecário que queria ser engenheiro, volta aos cálculos, aos manucristos e à pesquisa na internet: “Logo quero ver a água do lago voltar, bombeada do córrego logo abaixo na propriedade”, finaliza.

Quem quiser entrar em contato com o inventor, o e-mail de Antônio Corrêa é: carlosfac@ibest.com.br

Leia  aqui a reportagem sobre o aquecedor solar artesanal.

* Reportagem publicada na edição de 01.04.2012
   do Correio Mariliense