domingo, 18 de dezembro de 2011

APAIXONADA PELA COZINHA MEDITERRÂNEA, SOCIÓLOGA CRIA HORTA DE TEMPEROS EM VASOS.

Por Célia Ribeiro

O paladar refinado pelas experiências sensoriais da culinária mediterrânea levou uma socióloga a mergulhar no fascinante universo das ervas aromáticas. Diante da impossibilidade de encontrar ervas frescas, como o estragão, Edna Aparecida da Silva, decidiu cultivar os próprios temperos em casa, mesmo sem ter um único centímetro de terra: nascia, assim, uma vistosa horta em vasos.
Cuidado para manter os vasos
Aos 41 anos, casada e mãe de um rapaz de 19 anos, Edna exala energia por todos os poros. Tudo indica que esse alto astral responda por grande parte do sucesso da empreitada de obter, nos fundos da confortável residência do Jardim Aeroporto, todos os temperos que costuma usar nas receitas que prepara para a família.

Eclética, a socióloga divide o tempo entre o tricô, que ensina voluntariamente na Unidade de Saúde da Família do bairro, e a mais nova paixão, o tear, com a finalização da tese de doutorado. Permeando os estudos e o artesanato, o cultivo das ervas ganha dimensão especial porque, a partir dos vasos cuidados com capricho, ela obtém a matéria prima para sofisticadas receitas das cozinhas francesa e italiana.
Temperos no quintal
A decisão de cultivar os próprios temperos nasceu quando, ao tentar comprar estragão para uma receita de “tian de legumes” (abobrinha, tomate e berinjela com ervas e azeite ao forno) ouviu do fornecedor que não comercializaria mais o produto por falta de demanda. Além dela, apenas um chef de cozinha e outra cliente costumavam procurar a erva.

Inconformada em usar temperos prontos, Edna mergulhou na pesquisa sobre cultivo doméstico. Foi quando soube de um curso de jardinagem que o SESI promoveu, no começo do ano, com a professora Kazumi Takeya, que o “Correio Mariliense” entrevistou na semana passada nesta página.

QUINTAL VERDE

Com baixo investimento e alta dedicação, Edna seguiu à risca os ensinamentos passados naquela tarde do curso: “Descobri que eu fazia muita coisa errada. Tudo isso aqui é resultado de três horas de curso com a Kazumi, que é maravilhosa. Quando cheguei em casa, passei dois dias revirando meus vasos, jogando terra fora e refazendo o preparo para começar o cultivo”, contou.

Edna Silva

Para ajudar na empreitada, Edna comprou um livro de jardinagem num sebo e usou a ferramenta da internet para pesquisar em sites alternativos. Como resultado, a área de lazer da residência exibe hoje, sobre o piso de cerâmica branca, bonitos vasos com tudo o que ela precisa para as receitas criativas.

O estragão “viçoso e verdejante”, como ela diz, está lá. Também há espaço para alecrim, tomilho, orégano, louro, manjericão, manjerona, menta, bálsamo, salsinha, cebolinha, levante, poejo, cidreira, melissa entre outros. Entremeando as ervas aromáticas, Edna plantou lavanda e cânfora porque, com seu cheiro característico, espantam os insetos sem necessidade de usar qualquer defensivo químico.

A emoção da primeira colheita foi inesquecível, recordou a socióloga, cujos olhos brilham ao falar sobre as belas sopas com tomilho, o famoso “tean de legumes” e o festejado ossobuco. Além das ervas frescas, ela seca o excedente à sombra no varal de roupa, guardando os temperos em potes de vidro. Outra forma de conservar as ervas é coloca-las frescas em forminhas e cobrir com água para congelar. Na hora de preparar um prato com ervas, basta colocar na panela o cubinho de gelo que o calor devolve o frescor do tempero como se tivesse acabado de ser colhido.
Diversidade de ervas aromáticas
Se o custo não é alto, a dedicação é redobrada: é preciso estar atenta, assinalou a socióloga. Embora haja alternativas para manter a umidade dos vasos por vários dias, Edna prefere contar com sua “rede solidária de vizinhas”. Segundo ela, várias amigas da vizinhança se inspiraram no seu exemplo e iniciaram hortas em vasos. Por isso, uma cuida para a outra que precisar se ausentar.

Para Edna, desde maio, quando começou a horta de temperos, todo esforço valeu a pena: “Meu marido curte muito o jardim, a culinária. É só vir no fundo de casa e escolher o que usar em determinado prato. Dá uma sensação de independência, de bucolismo, de incremento do sabor da comida”.
Depois de secas, as ervas são estocadas.
Ela ressalvou, no entanto, que é preciso educar o paladar. Quem está acostumado com a tradicional dupla “alho e cebola”, precisa introduzir as ervas aos poucos. Uma das vantagens é que quando o paladar se acostuma, um dos efeitos colaterais benignos é a possibilidade de redução do sal. O sabor das ervas compensa e a saúde do coração agradece!

DE OLHO NAS FLORES

Como a maioria das pessoas, Edna também traçou os planos para 2012. Entre outros, está o cultivo de flores e chás. Ela já aproveita as flores de lavanda que cultiva em vasinhos para enfeitar a casa, mas quer muito mais. Por isso, mergulhou na pesquisa sobre o assunto e espera iniciar o ano novo não apenas com a gastronomia em dia, mas com o perfume e a beleza das flores dando ainda mais vida ao espaço verde que criou para a família.

REFERÊNCIAS
Flores ganham destaque
Para conhecer o lado artístico da socióloga, acesse seu blog: http://tricosemcostura.com Para saber mais sobre plantas em vasos e quadros, acesse: www.quadrovivo.com

* Reportagem publicada na edição de 18,12,2011 do Correio Mariliense

4 comentários:

  1. Oi Celia,
    Obrigada, adorei o texto.
    Este é o album da minha primeira colheita de ervas. Bjs
    Edna
    https://picasaweb.google.com/118364597571858985971/JardimAromaticoPrimeiraColheita

    ResponderExcluir
  2. Maravilha Celia.
    Seus escritos nos ajudam a descobrir a Marília (mais) sustentável e seus personagens. Ervas no quintal geram flores e alimentam a cadeia produtiva natural. As Jataís gostam muito das flores do Manjericão.
    Parabéns pela matéria e um grande abraço para a Edna.

    ResponderExcluir
  3. Edna, muito bacanas as fotos.Parabéns!
    Ivan, querido amigo, obrigada pelas palavras. Grande abraço

    ResponderExcluir
  4. Sou a Thatê, tia da Valéria. Adorei o seu site e parabéns pela sua horta. Eu também faço tricô mas não uso o tear.
    Curto cozinhar e tenho um site onde estou resgatando umas receitas de minha família e algumas outras que tenho ganho. São quase todas já experimentadas. A Valéria me pediu para passá-lo para você, por isso o faço aqui.
    thathe.blogspot.com. Passe por lá.
    Bjs. Tchau.

    ResponderExcluir

Seja bem-vindo(a). Seu comentário será postado, em breve.