domingo, 20 de novembro de 2011

ANTES DE CASAR, AMBIENTALISTAS REFORMAM APARTAMENTO COM GERAÇÃO MÍNIMA DE RESÍDUOS.

Por Célia Ribeiro

Como todo casal apaixonado que define a data do casamento, assim que começou a contagem regressiva, os pensamentos estavam voltados para a futura moradia. Neste caso, a diferença é que mais que um imóvel seguro e confortável, dois jovens queriam aplicar tudo o que aprenderam para provar que é possível construir ou reformar gerando um mínimo de resíduo, com baixo impacto ambiental.

Rafael e Sônia: bom começo
Os noivos, que sobem ao altar em abril de 2.012, são a analista socioambiental Sônia Cristina Guirado Cardoso e o engenheiro florestal Rafael da Silva de Souza, sócios na Consultoria Aviva – Estratégias de Sustentabilidade. Com determinação, eles assumiram os riscos para fazerem diferente, apesar de todo o trabalho que a empreitada demandou.

“Quando a gente idealizou a reforma do apartamento, começamos a pensar que a gente tinha a possibilidade de aliar a teoria com a prática nesta questão de geração de menos resíduos”, contou a analista, explicando que a partir de uma planilha de custos, iniciaram a pesquisa sobre o que fazer com os restos da construção bem como em relação à aquisição dos novos materiais.

Por incrível que pareça, a reforma do apartamento, de aproximadamente 60 metros quadrados, com a substituição de todo o acabamento, além de tomadas, lustres, luminárias, pias e armários, não necessitou da contratação de nenhuma caçamba. Os tacos, por conterem verniz e pregos, não poderiam ser destinados a fornos de pizzaria ou caldeiras, por exemplo. Assim, o casal encontrou uma família de baixa renda que retirou todo o piso e levou para a construção que está levantando na periferia.

Tacos retirados e doados
A mesma família aceitou as peças da cozinha e do banheiro (pias e vasos sanitários em bom estado), bem como os azulejos retirados com cuidado. Alguns armários foram desmontados e instalados em outro imóvel da família e uma porta de madeira maciça foi vendida para outro interessado que a aproveitou em sua obra.

CERTIFICAÇÃO

Vencida a etapa dos resíduos, Sônia e Rafael se debruçaram na escolha dos fornecedores dos novos materiais. A partir de alguns orçamentos detalhados na planilha de custos, foram em busca de informação sobre os fabricantes, para saber se possuíam certificações ambientais (ISO 14001, por exemplo) ou de responsabilidade social.

Pias, vasos sanitários e outros materiais
foram doados a uma família da periferia
Nesta fase, as dificuldades foram muitas. Segundo a analista, os funcionários das lojas de materiais de construção têm certa dificuldade para informar sobre os selos de certificação dos fabricantes. Os noivos tiveram que pesquisar, acessando sites das empresas, enviando e-mails etc, até que estivessem seguros da opção de compra privilegiando fornecedores que têm preocupação ambiental e social. “Tem alguns produtos com informação na embalagem sobre certificação. Mas, não informam qual o processo de certificação. Às vezes, não é toda a indústria que é certificada, mas só um processo”, justificou a analista.

As escolhas focadas na sustentabilidade são a base desta reforma tão especial. Sônia Cardoso contou que eles optaram pelos ventiladores para aproveitar o bom fluxo de ventilação do imóvel, além de serem mais econômicos que os aparelhos de ar condicionado. As lâmpadas foram pensadas para garantir luminosidade com economia. Da mesma forma, até as luminárias foram selecionadas de modo a iluminar melhor os espaços e os vasos sanitários são do sistema Ecoflush com duplo comando para liberação de água.

Sônia Cardoso
Diante disso, também a compra dos materiais exigiu um estudo sobre a localização dos fornecedores. “Primeiro, fizemos orçamentos com lojas no entorno do apartamento. Depois, fizemos nas lojas mais distantes. Quando a diferença de preço foi pequena, optamos por comprar perto de casa”, disse, explicando que a medida visou contribuir com a menor incidência de poluição dos caminhões transportadores, além do trânsito que está cada dia mais complicado na cidade.

O planejamento da reforma foi tão detalhado que o casal, antes de mais nada, visitou cada futuro vizinho para explicar que iria começar a obra, oferecendo materiais que poderiam ser retirados do local, além de se informarem sobre horários permitidos para a execução dos trabalhos. Mais que política de boa vizinhança, os jovens ambientalistas queriam fazer tudo da melhor maneira para que pudessem se mudar com tranquilidade.

ECONOMIA

A analista socioambiental disse que, colocando na ponta do lápis, todo o cuidado com a reforma não custou mais caro. Ao contrário, gerou economia em vários aspectos como a retirada de portas, armários e do piso de taco que não tiveram que pagar porque os beneficiários se incumbiram da tarefa.

Interior do apartamento
antes do início da reforma
Para ela, valeu muito a pena: “É uma vida nova. Vou casar. A partir da construção, a gente já começou uma vida nova, de olhar para o outro, do lugar onde a gente vai morar estar sendo feito sem prejuízo para o meio-ambiente, com impacto mitigado”, disse, acrescentando que se sente muito bem quando vê “que é mais fácil do que a gente imagina, que é possível”.

Finalizando, Sônia fez um apelo a que cada um faça sua parte. “Tem gente trabalhando com meio-ambiente que não separa o lixo de casa. Tem gente que fala que sustentabilidade é modismo. Mas, como pode ser modismo se estamos em novembro ainda usando blusas de frio? Alguma coisa está acontecendo com o clima, com o planeta. Por isso todos devemos fazer a nossa parte”.

Para conhecer a Aviva, acesse: http://www.aviva-br.com/

* Reportagem publicação na edição de 20.11.2011 do Correio Mariliense

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