domingo, 9 de outubro de 2011

ORBE: O RESPEITO À NATUREZA, VIVENCIADO HÁ QUASE 30 ANOS, MOSTROU OS FRUTOS NA ECOARTE

Por Célia Ribeiro

No início dos anos 80, a escola infantil incrustrada numa floresta com 25 mil metros quadrados, atrás do Bosque Municipal, começou a escrever sua própria cartilha inspirada no convívio com a natureza. O que era intuitivo acabou incorporado à metodologia de ensino da Orbe que, neste sábado, apresentou aos pais e à comunidade, os frutos de um ano inteiro de trabalho árduo em forma de arte.

Alunos colhem frutos do pé de café plantado na escola
Para contextualizar o estágio atual da escola, é preciso voltar quase 30 anos. Da fundação, em 1.984, passando pelas experiências ricas que o cenário bucólico possibilitava, como a visita dos macaquinhos que roubavam o lanche das crianças, até as instalações no bairro Fragata, berço da nascente do Córrego Barbosa, a Orbe soube usar suas origens para consolidar um trabalho educacional inspirador.

Malau Masraui
Quem conta essa trajetória é a pedagoga e psicopedagoga Malau Nasraui, diretora geral: “A Orbe nasceu num espaço privilegiado, dentro de um bosque, numa área verde de 25 mil metros quadrados, onde a gente podia desfrutar não só de uma minifloresta, mas do convívio com animais, com aquela área limpa, pura, do contato com a natureza”, disse. Segundo ela, “inspirados por esse cenário, começamos a perceber o quanto a criança poderia aprender vivenciando aquela situação; com os bichos, com as plantas, com a terra”.

Malau revelou as origens da filosofia da escola: “Descobrimos o quanto as crianças conseguiam aprender aproveitando essa vivência, numa época em que ninguém pensava em projetos multidisciplinares. A gente sabia dessa existência, porque são estratégias pedagógicas, mas que não eram tão exploradas como hoje. Pouco se falava em educação ambiental nas escolas naquela época. A gente fazia um trabalho intuitivo e acabou sendo incorporado à proposta pedagógica da escola”.

Visita à nascente do Córrego Barbosa
O sorriso ilumina o semblante da educadora ao relembrar os primeiros anos: “A gente trabalhava matemática, alfabetizava, usando como motivação os animais, os ovos das patas, tinha laguinho, uma coisa maravilhosa”. Mas, o que mais agitava os alunos eram os saguis que saiam do bosque em busca de comida: “Eles vinham até a Orbe e a gente tinha que esconder as lancheiras porque eles abriam as lancheiras, pegavam o lanche e corriam. Isso tudo era uma festa para as crianças”, recordou.

NOVA FASE

A mudança para as instalações atuais, ao lado do Colégio Interação, permitiu utilizar a ampla área verde para dar continuidade ao projeto educacional focado na ecologia. Com muito espaço, foi possível desenvolver diferentes trabalhos para que as crianças explorassem a terra de várias maneiras, envolvendo alunos a partir de um ano e meio de idade até o 5º. ano do 1º. Ciclo Fundamental.

A descoberta da nascente do Córrego Barbosa, nos fundos da escola, foi emocionante, segundo a diretora. Ela viu nisso um sinal de a Orbe estava no caminho certo ao educar as crianças segundo uma preocupação com a preservação ambiental: “Com os problemas do planeta, hoje virou um discurso universal a questão ambiental até por uma questão de sobrevivência. Todo mundo trabalha, não só nas escolas, mas dentro de casa, na rua, nas indústrias, no comércio. Para a gente, isso vem reforçando uma série de conceitos que começamos a aplicar, intuitivamente, há quase 30 anos”.

Crianças preparam mudas de café: muito espaço para trabalhar a terra
Malau Nasraui destacou que, “como educadora, acho que só vamos resolver as coisas se a gente educar a criança. Tem que começar da base. A criança tem que aprender que na hora de escovar os dentes, tem que fechar a torneira, não pode a água ficar escorrendo porque ela é preciosíssima”. E acrescentou: “Se conseguirmos plantar uma semente, se cada um plantar sua semente, quem sabe meu neto vai viver numa época com mais consciência do que temos hoje”.

ECOARTE

Aconteceu ontem (08/10) a 26ª. edição da ECOARTE, que começou como Feira do Verde para mostrar aos pais o resultado dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano. Hoje, a mostra envolve toda a comunidade e, como o próprio nome diz, une ecologia e arte onde os alunos de todas as turmas têm a oportunidade de expressarem a criatividade em projetos trabalhados em sala de aula, ao ar livre, em excursões monitoradas, entre outros.
Esculturas da artista plástica e jornalista Márcia de Oliveira
Segundo a diretora, os visitantes puderam conhecer “os projetos ambientais que os professores trabalham ao longo do ano. Cada turma encontrou um tema ligado ao trabalho do conteúdo da série, ou alguma vivência que a criança trouxe para a escola e acabou virando um projeto. Essa festa é a culminância”.

Releitura de obras de arte
Várias entidades e parceiros participaram da ECOARTE que teve, ainda, atividades artísticas e culturais das 9 às 18 horas: na esquina da Avenida Alfeu César Pedrosa, um espaço livre para apresentações de canto, dança, poesia, música instrumental etc. Da escola para a comunidade, uma declaração de amor à vida e ao planeta!

Para saber mais, acesse: http://www.escolaorbe.com.br/

* Reportagem publicada na edição de 09.10.2011 do Correio Mariliense

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