domingo, 13 de março de 2011

Hospital Espírita: os desafios de atender com dignidade portadores de doenças mentais e dependentes químicos

Por Célia Ribeiro

Às portas de completar 62 anos de fundação e destinando quase 90% de sua capacidade de atendimento a usuários do SUS, uma das mais tradicionais instituições de saúde de Marília enfrenta os desafios de atender com dignidade os portadores de doenças mentais e dependentes químicos da cidade e da região. Para isso, o Hospital Espírita de Marília tem como aliados a equipe multidisciplinar, os voluntários e a população que colabora com os eventos beneficentes de geração de renda.

Placa indica integração dos espaços
Construído numa época em que as opções de tratamento para doentes com transtornos mentais eram mínimas no Estado de São Paulo, o Hospital Espírita nasceu da determinação de um grupo de abnegados liderados pelo médico Antônio Pereira Manhães e Hygino Muzzi Filho. Espíritas do Centro “Luz e Verdade”, eles foram os primeiros voluntários da entidade.

Atualmente, ocupando uma imensa área na Rua Dr. Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, o HEM possui cinco estruturas de atendimento (Hospital Dia, Lar Abrigado, Programa de Reabilitação do Alcoolista Crônico, Unidade Allan Kardec e Hospital de Internação) e registra em torno de 2.000 internações por ano, além de milhares de outros atendimentos ambulatoriais. Oferece 260 leitos na unidade de internação e 30 leitos no Hospital Dia.

O presidente Armentano com paciente do Hospital Dia

Dignidade

O bancário aposentado Vicente Armentano Jr. Assumiu a presidência do Conselho de Administração, para o mandato 2011-2013, com a experiência de quem colabora com o HEM há mais de 20 anos. Ex-secretário e ex-tesoureiro, ele conhece bem as dificuldades da instituição e ressalta o trabalho de toda a diretoria que se reveza nos cargos com o mesmo objetivo: manter em bom funcionamento o hospital filantrópico que oferece atendimento digno a milhares de doentes, a maioria de baixa renda.

“Hoje temos várias opções de atendimento. Os pacientes que não precisam ficar internados têm a alternativa do Hospital Dia, onde permanecem de segunda a sexta-feira, chegando de manhã e saindo no fim da tarde”, explicou o presidente. Os pacientes recebem três refeições diárias, acompanhamento da equipe multiprofissional e retornam para suas casas mantendo o vínculo com suas famílias.

Casas da "Vila da Boa Vontade"
Devido ao longo período de tratamento, alguns pacientes acabam perdendo contato com suas famílias e, muitas vezes, não têm para onde ir quando recebem alta. Para eles, o Hospital Espírita criou a “Vila da Boa Vontade”: em cinco casas mobiliadas, anexas à estrutura hospitalar, mas totalmente independentes, moram até 33 pacientes.

“Eles se ajudam, convivem em harmonia e levam uma vida normal”, comentou o presidente. Assim, nos eventos comemorativos e nas atividades recreativas externas eles também participam, bem como das festividades de época (festa junina, Natal etc). Recentemente, até um desfile de modas foi promovido pela instituição quando desfilaram pacientes de Marília e de unidades hospitalares de Tupã e Garça, numa tarde muito divertida.
Diversão em grupo

Dependentes químicos

Com capacidade para 20 leitos, recentemente foi iniciado o Projeto Fênix voltado ao atendimento de dependentes químicos de 14 a 18 anos. Essa era uma antiga reivindicação da população que não tem condições de internar os menores em clínicas de reabilitação particulares. Inicialmente, o HEM está recebendo apenas meninos e, apesar de já ter aberto suas portas, ainda aguarda credenciamento pelo SUS.

“O importante é que já estamos atendendo. Pretendemos realizar uma reforma e ampliarmos a área. Para isso esperamos contar com recursos do Estado”, informou Vicente Armentano Jr. Ele observou que a problemática das drogas está crescendo entre os adolescentes, principalmente o crack e destacou a importância de entidades de ajuda às famílias como o “Amor Exigente”.

Os atendimentos do SUS são regulados pela Central de Vagas da Secretaria Municipal da Saúde que encaminha os casos para internação.

Eventos beneficentes

Quando perguntado sobre a maior necessidade do HEM, o presidente responde de pronto: recursos humanos. “Não precisamos de aparelhos sofisticados de diagnóstico e tratamento. Precisamos de mais profissionais para atendermos mais pacientes”, frisou. A equipe multidisciplinar é formada por médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, recreacionistas, entre outros.

Para arcar com os custos cada vez mais elevados, além dos 70 associados voluntários que contribuem com o HEM, a instituição realiza eventos beneficentes como a já famosa feijoada. Em média, são vendidas 1.000 unidades, a cada três meses, graças aos voluntários que colaboram na aquisição de ingredientes e na produção dos pratos que fazem muito sucesso e garantem um bom retorno financeiro.

Outro evento que tem colaborado com a instituição é o jantar patrocinado pela Rede Confiança de Supermercados, através do ConfiSocial. Os voluntários também têm papel relevante na organização da promoção com renda revertida ao HEM.

Corpo e alma
Casamento na festa junina: humanização

Finalizando, Vicente Armentano Jr lembrou que, paralelamente ao tratamento hospitalar, os pacientes têm um respaldo espiritual: “Temos palestras evangelizadoras, falamos de Deus, de espiritualidade, porque essa é uma parte importante do tratamento”. Independente da religião, prosseguiu o presidente, é importante falar de Deus: “Uma pesquisa nos Estados Unidos apontou que a espiritualidade é importante para o equilíbrio das pessoas”, ressaltou.

Com a visão filantrópica dos fundadores, a dedicação da diretoria, o profissionalismo da equipe e o apoio de voluntários e da comunidade, o Hospital Espírita de Marília quer manter-se firme na sua missão de atender com dignidade todos que dele necessitem. Para saber mais acesse o site

* Reportagem publicada na edição de 13.03.2011 do "Correio Mariliense"

6 comentários:

  1. O Hospital Espírita foi erguido graças à união da comunidade mariliense, em especial a comunidade Espírita. De início, para a constituição do HEM como entidade jurídica foram arrecadados fundos com pessoas que figuraram como fundadores do HEM. Se não me engano, foram 60 ou 70 nomes, estes sim todos integrantes do movimento Espírita.
    O médico Dr. Manhães foi o inspirador, e o terreno foi doado pelo Sr. Eurípedes Soares da Rocha, grande benfeitor da cidade, que doou ainda mais tarde o terreno ao lado onde foi construiído o Educandário Dr. Bezerra de Menezes, que tambem teve 60 sócios fundadores.
    Valeria a pena uma reportagem lembrando a importância desses fundadores do HEM e do Educandário Dr. Bezerra de Menezes.
    Tanto no HEM como no Bezerra houve posteriomente a a inclusão de outros sócios fundadores, mas que na realidade foram pessoas que ingressaram sem que tivessem assinado a ata de constituição dessas duas entidades. Foram inc´luídos por decisão de diretorias posteriores, mas a essência está nas atas daconstituição das duas entidades.

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  2. Caro Nery, muito obrigada pelo comentário e pela dica de uma nova pauta. Vamos trabalhar na matéria. Abraços!

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  3. PARABÉNS PELA REPORTAGEM...ISSO É UM POUCO QUE TENTAMOS FAZER AO HOSPITAL...JA QUE VESTIMOS A CAMISA E ESTAMOS SEMPRE PRONTOS PARA AJUDAR E O MAIS IMPORTANTE DAR AMOR AOS PACIENTES...FAZEMOS DE CORAÇÃO O MAXIMO QUE PODEMOS..COM REPORTAGEM ASSIM QUE DA MAIS VONTADE DE SE ENTREGAR AO NOSSO HOSPITAL..MAS SOMOS HUMANOS E COM NOSSOS RECURSOS ESTAMOS DANDO O SANGUE PARA ATENDER BEM...O HEM AJUDA MUITO,MAS ESTA TAMBEM PRECISANDO DE AJUDA...ESTICAMOS NOSSA MÃO SEMPRE PARA AJUDAR AS PESSOAS SE LEVANTAR PORQUE SÓ CHE GA AO HOSPITAL ESPÍRITA QUEM JA ESTA LÁ NO FUNDO E ESTAREMOS SEMPRE PRONTOS PARA REERGUER QUEM PRECISA... E É ASSIM QUE É O HEM...SEMPRE PRONTO...

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  4. Obrigada pelo comentário. Realmente, o HEM é uma instituição que merece todo reconhecimento e apoio da comunidade mariliense.

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  5. O 'anonimo' foi muito feliz na sua colocação. Realmente, FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO; Mas a caridade como pregou Jesus, a caridade por atos e ações. Não basta 'dar esmola ou auxiliar financieramente uma Instituição'. Lá nom HEM estão internados irmãs que muitas veses esperam uma visita, uma palavra de conforto, um alô que seja. São irmães que precisam ter um socorro não apenas no tratamento e internação, mas apoio da oração sincera e que parta do coração.

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  6. FALANDO DE CARIDADE,PERGUNTO QUAL A ALMA BOA QUE PODERIA ME AJUDAR A ENCONTRAR UMA VAGA NO HEM(PARTICULAR)POR QUE PELO SUS MEU IRMAO QUE TEM SQUIZOFRENIA FICOU LA POUCO TEMPO E FUJIU DO HOSPITAL.MEU IRMAO TEM 48 ANOS,MORA EM ASSIS-SP,E GENTIL,INTELIGENTE.,MAS VIVE NO MUNDO DELE.MINHA MAE QUE SE OCUPA DELE ESTA MUITO DOENTE E JA NAO CONSEGUE MAIS.PECO AJUDA AO SR VICENTE ARMENTANO JR,PARA ME AJUDAR COM ISTO.MEU IRMAO SE CHAMA ALVARO ALOISIO G.,ELE PRECISA DE TERAPIA E TEM UMA AJUDA DO INSS DE 750 REAIS POR MES.NA ALA PARTICULAR JA VI OS PRECOS,DIARIA DE 135,REAIS E UM POUCO PESADO PRA NOS.QUEM E A BOA ALMA QUE PODERIA AJUDAR MEU IRMAO A FAZER UM TRATAMENTO PARTICULAR POR TEMPO INDETERMINADO??????MEU IRMAO SOFREU MUITO NA INFANCIA E ELE E MUITO CARENTE.ELE NAO E AGRESSIVO EM MOMENTO ALGUM,APENAS E TEIMOSO,CORTA O CABELO COM GILLETE,CORTA OS PELOS DA SOBRANCELHAS,ARRANCA O PROPRIO DENTE.ENFIM,ELE FAZ COISAS PRA CHAMAR ATENCAO.DEIXO MEU MAIL PRA QUEM PODERIA ME AUXILIAR,COMO RESOLVER ISSO COM BAIXA RENDA.rosanagets@gmail.com. obrigada.QUE DEUS ABENCOE A TODOS.

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